Os estádios que estão sendo erguidos em Manaus (AM), Cuiabá (MT) e Natal (RN), todos custeados integralmente com dinheiro público, receberão apenas quatro jogos da Copa cada, a um custo, por jogo, de R$ 125 milhões, R$ 115,75 milhões e R$ 100 milhões, respectivamente.
As três arenas têm em comum o fato de estarem em Estados que não têm tradição no futebol. Nenhum deles possui um time na série A do Campeonato Brasileiro. Já na série B, apenas o Rio Grande do Norte tem um representante: o ABC de Natal.
Assim, as arenas que estão sendo construídas nessas três capitais, a um custo que vai de R$ 400 milhões e R$ 500 milhões cada (veja tabela abaixo), servirão quase que unicamente para a Copa, tornando todo o investimento empreendido unicamente justificável por seu uso em quatro partidas de futebol.
Não se trata de simples projeção para o futuro. Os números em relação a público e renda nos campeonatos estaduais do Amazonas, de Mato Grosso e do Rio Grande do Norte falam por si. O Campeonato Amazonense deste ano, por exemplo, teve 80 jogos. O público de todas as partidas somadas chegou a parcos 38 mil pagantes, segundo a Federação Amazonense de Futebol.
Ou seja, o público de todo o campeonato Amazonense de 2011 seria insuficiente para encher a Arena da Amazônia, que tem capacidade para 42 mil pessoas. A média de público do torneio foi de menos de 450 testemunhas por jogo.
Em Mato Grosso, a situação não é muito melhor. Os principais times do Estado disputam a quarta divisão do futebol nacional (série D). A exceção é o Luverdense, do município de Lucas do Rio Verde, que foi alçado à série C do Campeonato Brasileiro graças a um imbróglio no tapetão que tirou o Rio Branco (AC) da competição.
Em partida válida pela série D, no último dia 2, o Cuiabá enfrentou e venceu o Sampaio Corrêa (MA) por 3 a 0 no estádio Dutrinha, na capital matogrossense. O resultado classificou o time cuiabano para as quartas de final da série D, para a alegria dos 637 pagantes, que proporcionaram uma renda de R$ 3.185.
Já no Rio Grande do Norte, a expressão dos clubes locais e a dimensão do Estádio das Dunas não são tão antagônicas. Isso não significa, entretanto, que o estádio do Machadão, com capacidade para 42 mil pessoas e que será demolido para a construção da nova arena, não desse conta dos eventos futebolísticos locais. O investimento do Estado do Rio Grande do Norte, de R$ 400 milhões para erguer o novo estádio, dificilmente terá retorno ou se tornará economicamente viável após as quatro partidas do Mundial de futebol.
O ABC-RN, tiome melhor colocado do Estado atualmente, disputa a série B e costumar atrair menos de 10 mil pessoas por jogo. No dia 1º de outubro, em partida contra o Sport de Recife em Natal, o público pagante foi de 8630 pessoas, para uma renda de R$ 143.845. Já no último dia 18, o "Mais Querido", como é conhecido o ABC em Natal, recebeu o Boa Esporte/MG e venceu por 2 a 0. Público: 4.391 torcedores. Renda: R$ 36.212,50.