Estudo da Produtive ? Carreira e Conexões com o Mercado mostra que a desaceleração econômica está aumentando o tempo de procura por uma nova oportunidade no mercado de trabalho. Segundo a pesquisa, os profissionais estão levando, em média, seis meses para encontrar uma nova posição. A base da pesquisa foi uma amostra de 100 executivos recolocados no mercado pela consultoria.
Em épocas de economia aquecida, profissionais que haviam sido demitidos e buscavam um novo emprego demoravam, em média, quatro meses para ingressarem em outra empresa. ?Fala-se em pleno emprego, mas já observamos os impactos da desaceleração da economia no mercado de trabalho executivo. Atingimos essa média de seis meses, e o cenário não tende a melhorar no curto prazo?, analisa Rafael Souto, CEO da Produtive.
De acordo com a pesquisa, um menor número de vagas abertas e decisões de contratação mais lentas, com alguns processos postergados, têm impactado nessa média de tempo de recolocação.
Alguns profissionais chegam a demorar mais de um ano para entrar numa nova empresa. Um plano de transição mal formulado é o maior entrave nesse caso. ?Esse profissional até pode ter um bom currículo, mas está se posicionando mal perante o mercado?, destaca Souto.
Entraves para recolocação
Perfil muito generalista, faixa etária fora da expectativa para o cargo, falta de formação acadêmica e de consistência nos resultados anteriores também diminuem a capacidade de competir por uma vaga. Além disso, a falta de fluência em inglês, especialmente na área financeira, é um fator que tem impedido algumas recolocações.
A área ou segmento para o qual o profissional se candidata pode ajudar a determinar o tempo de recolocação. Se ela estiver em um momento recessivo, esse período tende a aumentar.
Mesmo nesse cenário, há quem se recoloque em apenas um mês, com uma ?transição rápida?. Esse profissional tem como características uma área de atuação bem definida, boa formação acadêmica, inglês fluente e histórico de realização de projetos com consistência, entregando resultados para seus contratantes. ?Essa é uma pessoa imune a tempos de crise na economia. Trata-se de um profissional com atratividade para o mercado e que procura ampliar sua rede de contatos e acessar mais posições?, explica Souto.
Reserva financeira
Um planejamento financeiro abalado prejudica a capacidade de tomada de decisão para realizar uma boa transição de carreira. As finanças apertadas pressionam o profissional para se recolocar o quanto antes. Como resultado, ele acaba indo mal nas entrevistas, porque não está bem emocionalmente.
?Acredito que o pilar financeiro é crítico na carreira de muitos. Mas, na comparação com os últimos anos, isso tem melhorado. As pessoas começam a se preocupar com a educação financeira. Tanto que, hoje, até 30% de nossos assessorados conseguem ter reservas financeiras, o que ajuda nas transições. Mas observamos também até 20% de nossos clientes com muitas dívidas?, analisa Souto.
Mobilidade
Há mais posições no mercado que exigem mobilidade do que profissionais dispostos a mudar de cidade para assumir uma vaga.
?Verificamos que isso também tem avançado ao longo dos anos no segmento executivo, mas ainda enxergamos boa parte dos profissionais presos ao ambiente local, o que atrasa algumas recolocações?, conclui Souto.