Quando o brasileiro fica devendo no cartão de crédito, ele pode ver a sua dívida dobrar em apenas oito meses. Já quando põe dinheiro na poupança, o tipo de aplicação mais popular, tem que esperar nada menos que 14 anos e um mês para ver o seu capital multiplicar por dois.
Mesmo depois de toda essa espera, o poupador não teria muito o que comemorar. Seu rendimento já teria sido superado, com folga, pelo aumento dos preços, que, pela taxa de inflação atual, duplicariam em menos tempo.
Considerando os juros praticados em dezembro, veja quanto tempo alguns tipos de dívida levariam para dobrar.
A linha referente ao comércio pode ser lida da seguinte forma: quando o consumidor parcela uma compra em 17 vezes, com os juros citados, ele paga o dobro pelo produto, em comparação com o preço à vista.
Poupança versus inflação
A poupança tem hoje uma rentabilidade de 5,075% ao ano (0,41% ao mês) e assim ficará enquanto o Banco Central mantiver a Selic, taxa básica de juros, nos atuais 7,25% ao ano. A instituição já disse que o juro básico continuará nesse patamar por um tempo ?suficientemente prolongado?.
A taxa básica de juros em um nível baixo, quando em tempo de preços comportados, é claramente um dado favorável para a economia. No entanto, não se pode esquecer que a poupança hoje está rendendo menos que a inflação. No ano passado, o IPCA, índice oficial de preços, teve alta de 5,84%, ritmo que, se fosse mantido, faria o custo de vida dobrar em 12 anos e quatro meses.
Segundo analistas consultados pelo Banco Central, esse cenário não deve mudar muito no curto prazo. A expectativa é de que a inflação atinja 5,67% em 2013 e 5,5% em 2014.
É verdade que a situação já foi pior para os devedores. Em janeiro de 2011, por exemplo, o juro no cartão de crédito estava em 238,3% ao ano, o que fazia uma dívida dobrar em sete meses. Mas as condições do poupador também já foram melhores. Naquele ano, a poupança rendeu 7,5%, com um ganho de 0,94% acima da inflação.