Dólar fecha no maior patamar em três anos e meio, a R$ 2,08

É a maior cotação de fechamento desde o dia 15 de maio de 2009. Preocupações com o “abismo fiscal” nos EUA estão no foco do investidor

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O dólar fechou em alta nesta sexta-feira (16), atingindo o maior patamar de fechamento em três anos e meio e colocando em alerta total os investidores sobre possíveis atuações do Banco Central. A divisa acompanhou a tendência no exterior, diante de renovadas preocupações com o chamado "abismo fiscal" nos Estados Unidos.

A moeda norte-americana avançou 0,76%, cotada a R$ 2,0818 para a venda. É o maior patamar de fechamento desde o dia 15 de maio de 2009, quando o dólar fechou a R$ 2,109 na venda.

Neste ano, até então, o maior nível de fechamento do dólar havia sido R$ 2,0804, no dia 22 de maio. Com o fechamento de hoje, a moeda acumula alta de 2,54% no mês e de 11,42% no ano.

"Depois que passou de R$ 2,08, acendeu o alerta vermelho. O BC com certeza está acompanhando de perto a moeda e pode atuar", afirmou o operador de câmbio da Intercam Corretora Glauber Romano.

"Os problemas são os mesmos, os Estados Unidos continuam com o problema fiscal e a zona do euro continua em uma situação ruim, fazendo essa alta continuar", acrescentou Romano.

"O mercado vai ficar esperando a reunião de Obama no Congresso para ver se há alguma sinalização de acordo. Nos últimos dias as quedas das bolsas de Nova York foram por conta desse assunto e os outros mercados estão colados", disse o economista-chefe da BGC Liquidez, Alfredo Barbutti.

O presidente reeleito dos Estados Unidos, Barack Obama, reúne-se com os principais líderes do Congresso para falar sobre o orçamento nesta sexta-feira.

Investidores têm mostrado apreensão com o risco de a maior economia do mundo entrar em recessão se nenhum acordo for alcançado para evitar cerca de US$ 600 bilhões em cortes de gastos e aumento de impostos a partir de janeiro, o chamado abismo fiscal.

Nesta sexta, Obama afirmou que será necessário chegar a compromissos difíceis para superar o estancamento das negociações para a redução do déficit nos Estados Unidos antes do final do ano, quando se iniciam as conversações entre democratas e republicanos.

Além da questão fiscal nos EUA, a zona do euro ajuda a manter a tensão nos mercados. Na véspera, foi divulgado que a região entrou em recessão pela segunda vez desde 2009.

Atuação do BC

A recente valorização do dólar - que ficou em torno de R$ 2,02 e R$ 2,03 por meses - acendeu o sinal amarelo do mercado de que o BC poderá voltar a atuar na ponta vendedora para segurar uma apreciação excessiva da divisa e, portanto, possíveis repasses à inflação.

A última vez que a autoridade monetária realizou swap cambial tradicional, equivalente a uma venda de dólares no mercado futuro, foi no final de junho, quando o dólar chegou a bater R$ 2,10.

Operadores acreditam que o patamar de R$ 2,08 já deverá chamar a atenção do BC para uma fazer uma possível intervenção.

"Eu acho que o BC poderia entrar em torno do 2,08 reais. Só um anúncio do BC deve fazer o dólar cair", disse ainda Barbutti.

O economista-chefe acredita que caso venham notícias positivas sobre o abismo fiscal e os mercado fiquem mais otimistas, o dólar pode voltar a cair ante o real.

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