O dólar subiu ante o real e se afastou das mínimas em 12 anos nesta sexta-feira. A valorização global da moeda americana comandou os negócios no Brasil, em um dia de intervenção também mais firme do Banco Central (BC). O dólar subiu 0,51% no mercado à vista, a R$ 1,565 para venda.
A taxa Ptax, usada como referência em contratos futuros e outros derivativos, fechou a R$ 1,5634 para venda, em alta de 0,34%.
Em relação a uma cesta com as principais divisas, o dólar subia 0,28% às 16h30, com valorização principalmente sobre o euro em meio à aversão a risco.
A alta foi sustentada pela decepção com o relatório de emprego dos Estados Unidos, que mostrou criação de apenas 18 mil postos de trabalho no país em junho - 20% do que era esperado. O mercado teme que a principal economia do mundo perca sustentação justamente no momento em que o Federal Reserve (FED, banco central americano) interrompe seu programa de estímulo.
No Brasil, a alta foi acelerada pela intervenção do BC, que pela primeira vez desde março fez um leilão de swap cambial reverso sem o objetivo de rolar contratos em vencimento. Além da operação, que funciona como uma compra no mercado futuro, o BC fez dois leilões no mercado à vista. O swap cambial reverso é um derivativo com efeito equivalente a uma compra de dólar futuro pelo BC.
Os leilões dos últimos meses, em vez de acrescentar papéis no mercado, tinham o objetivo de rolar contratos em vencimento.
Aposta recorde no futuro
A atuação busca aliviar parte da oferta de dólares no mercado futuro, em que os investidores estrangeiros acumulam posições vendidas de mais de US$ 24 bilhões. Essas posições servem como uma aposta a favor da queda do dólar e têm sido responsáveis, em parte, pela queda da moeda americana aos menores níveis desde 1999.
O leilão, porém, repetiu o resultado das últimas operações e não teve colocação integral dos swaps. De acordo com operadores, o consenso de mercado era por taxas de juros próximas a 3,2%, mas o BC somente aceitou pagar cerca de 2,8%.
"Se ele "raspa" a qualquer taxa, nos próximos o mercado ia abusar", disse o operador de derivativos de uma corretora, que preferiu não ser identificado.
O rumo do dólar na próxima semana depende da reunião sobre o limite da dívida dos Estados Unidos, que acontece no domingo com o presidente Barack Obama e as principais lideranças do Congresso. O prazo para que o limite seja elevado e o país não entre em moratória é 2 de agosto.
"Se entrarem num acordo, o mercado pode ser diferente na segunda-feira, pode voltar ao modo de melhora de ontem. Daí, o que acontece com o dólar? O Banco Central pode ter uma resistência maior (para tentar frear a valorização do real). Porque hoje ele não teve resistência, o mercado estava do lado dele", disse Alfredo Barbutti, economista da BGC Liquidez.