O dólar terminou a quinta-feira (6) com forte alta, de 2,94%, vendido a R$ 1,851. A cotação é a maior desde 12 de fevereiro, quando terminou a R$ 1,859. Durante os negócios, a moeda chegou a subir mais de 5%, se aproximando de R$ 1,90.
O dia foi de turbulência nos mercados financeiros. Os temores de que a crise da dívida grega se espalhe por outros mercados europeus levaram os investidores a fugir dos riscos, derrubando as bolsas e fazendo disparar a cotação do dólar.
Na Bovespa, o principal indicador chegou a cair mais de 6%, antes de iniciar uma retomada no início da tarde. O Dow Jones, principal indicador da bolsa de Nova York, registrava jornada semelhante.
O mau humor tomou conta dos mercados depois de o parlamento grego aprovar um plano para reduzir seu déficit fiscal nos próximos anos. A aprovação do programa era um requisito para a liberação da ajuda à Grécia por parte de países da zona do euro e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
O economista Carlos Daniel Coradi, da EFC Engenheiros Financeiros & Consultores, afirmou que o mercado brasileiro se comportou dessa forma em razão da crise grega. "Isso é uma cadeia porque às 8h o mercado japonês fechou e a situação veio para cá." Segundo o economista, o mercado financeiro funciona com "80% de psicologia e 20% de técnica".
Coradi afirma que a Bovespa chegou a cair 6% e o dólar subiu tanto por causa dos reflexos na Grécia, mas que, com a queda expressiva, muitos venderam ações e iniciou-se o movimento de compra. "O inexperiente fica nervoso e vende. O profissional, na crise, espera e compra", afirma.
"O mercado se comportou como em um prenúncio de crise", afirmou Hamilton Moreira, analista do BB Investimentos.
O temor de que a crise da Grécia atinja também outros países europeus fez com que o euro se desvalorizasse nesta quinta. Ao mesmo tempo, em momentos de crise os investidores costumam procurar os investimentos considerados mais seguros - como os papéis do Tesouro dos EUA.
Isso faz com que as bolsas, por representarem investimentos mais arriscados, caiam, ao mesmo tempo em que o dólar se valoriza devido à procura por títulos norte-americanos.