O dólar comercial fechou em leve alta nesta segunda-feira (22) após uma sessão marcada pela volatilidade diante das incertezas globais sobre a Grécia. A divisa norte-americana teve valorização de 0,06% frente ao real nesta segunda-feira, fechando a R$ 1,80 para a venda.
Na máxima do dia, pela manhã, o dólar chegou a valer R$ 1,812, maior nível desde 1º de março. "O mercado amanheceu acompanhando o noticiário de fora. Durante o dia, acabou corrigindo um pouco. O próprio euro se fortaleceu", disse José Carlos Amado, operador de câmbio da corretora Renascença.
Enquanto o mercado de câmbio fechava no Brasil, o euro mantinha-se praticamente estável, com leve alta de 0,1%, depois de ter caído durante a manhã para o menor nível em três semanas. O índice do dólar em relação a uma cesta com as principais divisas tinha variação negativa de 0,14%.
Líderes da União Europeia se reúnem quinta e sexta-feiras e podem avançar nas discussões sobre uma ajuda concreta à Grécia. Profissionais de mercado também repercutiram, como motivo para a alta do dólar pela manhã, sinais de aquecimento econômico na China e o aumento do juro na Índia, na sexta-feira (19).
Contas externas
No Brasil, o mercado recebeu números piores que o esperado sobre as contas externas em fevereiro. O déficit em transações correntes atingiu US$ 3,251 bilhões, ante previsão de US$ 2,35 bilhões de analistas consultados pela Reuters.
Já o fluxo cambial negativo, que era de US$ 1,542 bilhão nas duas primeiras semanas de março, aumentou para US$ 2,666 bilhões no mês até o dia 18. Aliada às compras de US$ 2,273 bilhões pelo Banco Central, a saída de recursos deixou os bancos com US$ 3,356 bilhões em posições vendidas na moeda norte-americana.
Analistas deram ênfase a aspectos distintos das contas externas do país. Para a equipe de economistas do Bradesco, a deterioração das transações correntes deve "reduzir o espaço para apreciação cambial (queda do dólar)". O banco prevê um saldo negativo de US$ 55 bilhões, valor acima dos US$ 49 bilhões estimados pelo Banco Central.
Viés de baixa?
Já Sidnei Nehme, diretor-executivo da NGO Corretora, destacou as posições dos bancos, que sinalizam "queda do preço da moeda americana nos próximos dias". "Algo como 3%, conduzindo-a a R$ 1,75" escreveu em relatório.
Segundo ele, os bancos que vendem dólares ao Banco Central captam recursos a baixo custo no exterior e lucram com a desvalorização da moeda norte-americana. A expectativa de um ingresso mais reforçado de dólares no curto prazo incentiva a estratégia.
O banco de investimento Goldman Sachs também prevê baixa do dólar no curto prazo, com ajuda do fluxo de entrada. Mas, assim como o Bradesco, vê uma pressão de alta no médio prazo. "Para os próximos três meses, acreditamos que o grande fluxo de entrada vai depreciar o dólar a R$ 1,70. No entanto, [...] como acreditamos que o fluxo de capital vai diminuir no segundo semestre, prevemos que o dólar esteja a R$ 1,85 em dezembro de 2010."