Domésticas e alimentos fazem prévia da inflação superar sua meta em abril

Inflação estoura meta do governo em abril pressionada por domésticas e tomate

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A inflação medida pelo IPCA-15 fechou abril em alta de 0,51%, acima do teto da meta do governo, com os preços de alimentos, principalmente o tomate, e os gastos com empregados domésticos exercendo os principais impactos individuais no indicador.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) é uma espécie de prévia da inflação. Em 12 meses, a inflação é de 6,51%, abaixo dos 6,59% registrados pelo IPCA no final do mês passado, mas acima do teto da meta de inflação, que é de 6,5%.

O resultado acumulado no ano situou-se em 2,58%, bem acima da taxa de 1,87%, relativa ao mesmo período do ano passado.

Tomate segue "incomodando"

Os preços de alimentos mais uma vez pressionaram o indicador. A alta de itens como tomate e cebola ganhou destaque na imprensa local nas últimas semanas, aumentando a pressão sobre o Banco Central para agir contra a subida nos preços.

Em abril, os preços do tomate, o "vilão da inflação", tiveram alta de 16,62%. Porém, outros alimentos tiveram desaceleração nos preços: cenoura (de 24,29% em março para 7,62% em abril), feijão carioca (de 11,68% para 7,28%), feijão preto (de 2,31% para 0,31%) e a farinha de mandioca (de 5,72% para 3,44%).

O preço das carnes e do frango tiveram queda em abril, de 2,58% e 2,04%, respectivamente.

"Tem tido deflação dos preços de alimentos no atacado desde o início de ano, mas há uma resistência para repassar essa queda ao consumidor por causa do custo do frete, e também a questão da demanda aquecida", disse o consultor de pesquisas econômicas do Bank of Tokyo-Mitsubishi Mauricio Nakahodo.

Empregados domésticos

Segundo o IBGE, os custos com empregados domésticos, mesmo tendo desacelerado um pouco em relação ao mês passado, continuaram impactando na inflação (de 1,53% em março para 1,25% em abril).

O IPCA calcula os preços para famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e Goiânia. A metodologia utilizada é a mesma do IPCA; a diferença está no período de coleta dos preços.

Governo diz que vai reagir

A alta disseminada dos preços levou tanto BC quanto Ministério da Fazenda e a presidente Dilma Rousseff a enfatizarem que não deixarão os preços sair de controle.

Na terça-feira, Dilma garantiu que o governo não terá nenhum problema para atacar "sistematicamente" a inflação, embora tenha destacado que não precisará de juros tão altos como no passado para combatê-la.

Os dados foram divulgados dois dias após o Banco Central elevar a taxa de juros para 7,5% ao ano (estava em 7,25%), pela 1ª vez desde julho de 2011.

"Economist" afirma que BC agiu tarde

Em artigo publicado na revista "Economist", umas das mais prestigiadas do mundo, o Banco Central do país é criticado por ter demorado para agir contra a inflação. "Um banco central sabe que perdeu o controle das expectativas de inflação quando a alta dos preços vira assunto de piadas".

O texto cita as piadas sobre o preço do tomate, que se espalharam pelas redes sociais, e até mesmo as notícias de que o crime organizado estaria contrabandeando o fruto pela Tríplice Fronteira.

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