Lojas de grife gastam até R$ 5 mi em coleções e tem serviço VIP

Segundo pesquisa encomendada pela organização do Fashion Business, existem em torno de 2.500 multimarcas no país.

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Sentada ao lado de atrizes globais, a empresária Tereza Tinôco, 54, assistiu ao desfile da estilista Patrícia Bonaldi na quinta-feira passada no Hotel Copacabana Palace.

Rosto desconhecido fora das altas rodas do mercado da moda, Tereza integra um seleto grupo de empresárias, donas de lojas multimarcas de luxo que movimentam o setor fora do eixo Rio-São Paulo.

Segundo pesquisa encomendada pela organização do Fashion Business, feira de negócios realizada no Rio na semana passada, existem em torno de 2.500 multimarcas em todo o país.

"Algumas grifes sobrevivem por causa das multimarcas, que representam, no mínimo, 40% do faturamento das principais empresas da moda nacional", diz o consultor Ruben Filho, responsável pelo levantamento.

As maiores compradoras são lojas que reproduzem em outros pontos do país o conceito consagrado pela paulistana Daslu, com amplas instalações e atendimento VIP.

CINCO ESTRELAS

As butiques gastam em uma coleção de roupas entre R$ 750 mil e R$ 5 milhões.

O poder de compra das donas dessas lojas chama a atenção de estilistas e organizadores de eventos de moda que oferecem regalias para atraí-las como passagens aéreas, hospedagens em hotel cinco estrelas, carros com motoristas e convites na primeira fila nos desfiles.

Tereza é dona de uma loja de 500 metros quadrados que leva seu nome, em Natal (RN). Ela vende 40 marcas no total, entre as quais as peças mais recentes produzidas por estilistas como André Lima, Glória Coelho e Reinaldo Lourenço.

A empresária ficou hospedada no hotel Royal Tulip em São Conrado, zona sul do Rio, a convite da organização do Fashion Business. Chegou à cidade acompanhada por seu braço direito, a filha Maria Isabel Tinôco, que teve sua estada bancada pela Rio-à-Porter, feira de negócios organizada pela equipe do Fashion Rio também na semana passada.

"Adoro ser cliente. Mas evito viajar muito, porque a loja fatura menos se estou fora. As amigas vão mais quando eu estou por lá", diz Tereza, figura conhecida no "high society" de Natal.

Nas passagens por feiras de moda, ela identificou as características de sua clientela. "A paulistana é clássica, a carioca, despojada, e a nordestina, enfeitada."

MESMA INFLUÊNCIA

Na manhã da sexta-feira passada, desembarcou no hotel Fasano, em Ipanema, a empresária Cleuza Ferreira, 65. Ela é dona da Magrella, loja de 1.500 metros quadrados de Brasília. Por lá, o atual sucesso de vendas é a bolsa importada da marca Céline, que custa entre R$ 7.000 e R$ 14 mil. Ela gasta R$ 5 milhões em compras por semestre.

"Trabalhamos com as mesmas coleções da Europa. As peças lançadas lá chegam à minha loja com defasagem de 15 dias, no máximo, por conta da alfândega", afirma Cleuza, que representa grifes como Diane Von Furstenberg, Valentino e Roberto Cavalli.

Em Recife, o expoente da moda é a loja Dona Santa. A multimarcas da empresária Juliana Santos, 35, gasta R$ 4 milhões por coleção. Ocupando espaço de 1.600 metros quadrados, o estabelecimento vai mudar de endereço. O plano é migrar para um lugar de 5.000 metros quadrados que terá restaurante, salão de beleza e livraria.

Em Curitiba, a fachada da Bazaar remete à imponente entrada da paulistana Daslu. Na capital paranaense já existe inclusive concorrência no mercado de luxo: a loja Namix, que consome R$ 1 milhão em cada coleção.

Em Salvador, a referência é Regina Weckerle, 66, dona da Paradoxus. Ela comercializa 30 grifes nacionais na loja que fundou há 25 anos. Mas reconhece que teve uma referência para o formato atual.

"Todas as multimarcas de luxo no Brasil foram influenciadas pela Daslu."

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