Em debate realizado na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira, 27, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, defendeu a forma como está sendo conduzida a atual política monetária do país. Ele destacou a queda da inflação e reconheceu a alta taxa de juros no Brasil, expressando expectativas de melhoria nos indicadores por meio de esforços fiscais do governo.
Campos Neto enfatizou que a economia está em uma "trajetória de pouso suave", superando o desempenho de muitos países. Esse "pouso suave" visa reduzir a inflação com o menor impacto possível na sociedade, considerando o Produto Interno Bruto (PIB), desemprego e crédito. De acordo com dados do Banco Central, a inflação diminuiu 8,7 pontos percentuais entre 2022 e 2023, acompanhada de uma estimativa negativa de 0,3 ponto percentual no crescimento do PIB. As expectativas de mercado para este ano apontam uma inflação de 4,86% e um crescimento do PIB de 2,92%.
Sobre a taxa básica de juros (Selic), o Comitê de Política Monetária (Copom)reduziu em 0,5 ponto percentual na última reunião, deixando-a em 12,75% em valores nominais, uma das mais altas globalmente. Campos Neto mencionou que, comparando com períodos anteriores, a média das taxas de juros nominais no Brasil de 2019 a 2023 foi a menor na história recente.
Além da política monetária, o presidente do Banco Central foi questionado sobre um erro no fluxo cambial no valor de cerca de R$ 14,5 bilhões, no período de outubro de 2021 e dezembro de 2022, que foi corrigido, alterando de superavitário para deficitário. Campos Neto explicou que foi uma falha operacional, minimizando sua relevância e informando que o Tribunal de Contas da União validou as estatísticas.
O debate também abordou questões fiscais, com críticas de alguns deputados à postura do BC nesse âmbito. No entanto, Campos Neto defendeu a abordagem do banco central, destacando a importância do fiscal como uma das dimensões do modelo econômico.
O deputado Evair Vieira de Melo expressou otimismo em relação à atuação do Banco Central, sugerindo que possivelmente será eleito o melhor do mundo em 2023. Em anos anteriores, Campos Neto e o BC receberam prêmios por sua atuação durante a pandemia e pela gestão das reservas. A reunião contou com a participação de vários deputados que integravam a Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados.
Nesta quarta-feira, em clima cordial, ocorreu a primeira reunião entreo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ficou combinada, que de agora em diante, serão realizadas reuniões periódicas entre Lula e Campos Neto. A conversa ocorreu por iniciativa do presidente do BC e foi mediada por Haddad, que se reúnem em média uma vez a cada 45 dias. (Com informações da Agência Câmara)