Ao final de 2023, dados revelam que a arrecadação de impostos no Brasil atingiu a marca de mais de R$3 trilhões, com os estados do Nordeste contribuindo significativamente, somando mais de R$ 344 bilhões, o que representa 10,35% do total nacional. Essas informações foram obtidas através do painel Impostômetro da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), coletado pela Agência Tatu.
Destacando a performance dos estados nordestinos, Bahia, Pernambuco e Ceará lideraram as arrecadações, enquanto Piauí, Alagoas e Sergipe apresentaram valores mais modestos. A economista e professora da Universidade Federal de Alagoas, Luciana Caetano, contextualiza a participação do Nordeste na arrecadação, indicando que a região possui uma representatividade de cerca de 10% na produção industrial. Ela atribui essa condição a fatores históricos, força política e gestão inadequada das unidades federativas periféricas.
A análise da economista destaca a diversificação econômica limitada em alguns estados nordestinos, como Alagoas, onde a economia está concentrada em serviços e agropecuária, com produtos de baixo valor agregado. Luciana enfatiza ainda a alta taxa de informalidade e a concessão de benefícios fiscais a grandes corporações como elementos que impactam a arrecadação.
O Impostômetro considera todos os tributos, incluindo impostos, taxas e contribuições, refletindo a importância desses recursos para as políticas públicas e o desenvolvimento do país. Luciana destaca a necessidade de arrecadação para a capacidade de investimento dos entes federativos e ressalta os desafios enfrentados por estados dependentes do Governo Federal para projetos como saneamento básico e infraestrutura.
A análise regional revela que a região Sudeste lidera a arrecadação, contribuindo com 59,87% do total, superando a marca de R$1,7 trilhão. A região Sul também se destaca, com mais de R$473 bilhões arrecadados, representando 15,17% do total. O Nordeste se posiciona como antepenúltimo entre as demais regiões, com mais de R$344 bilhões arrecadados em 2023, correspondendo a 10,35% da arrecadação nacional.
Luciana Caetano explica a disparidade regional com base na concentração da estrutura produtiva nas regiões Sul e Sudeste, que, em 2021, representaram 70% do PIB nacional. Ela prevê uma continuidade desse cenário, com o Norte e o Nordeste subordinados ao centro dinâmico da economia, sem perspectivas imediatas de mudanças.