Na cidade catarinense de Porto Belo, a 70 quilômetros de Florianópolis, uma indústria produz o tradicional palmito em conserva. A empresa agregou valor e lançou o patê de palmito em três sabores.
Para desenvolver o patê, o empresário teve auxílio de um programa de inovação e tecnologia. O produto já está patenteado.
O palmito é um produto caro. Para ficar pronto para o consumo, é preciso um longo tempo. A palmeira real, por exemplo, só pode ser colhida após quatro anos, quando está no ponto certo. Apenas uma parte do miolo é aproveitada, mesmo assim o negócio é lucrativo.
A plantação em Porto Belo, no norte de Santa Catarina, é do empresário Edson Fantini. Ele busca alternativas para aumentar o uso comercial da planta.
?Hoje, as indústrias que processam o palmito estão aproveitando apenas 2% da massa verde. É um desafio muito grande agregar valor nessa produção, tanto da parte que fica no campo como na indústria", diz o empresário.
O palmito é ecológico. Foi cultivado. É uma opção rentável que não agride a mata nativa. A produção vai para uma fábrica própria, onde a matéria-prima é processada e fica do jeito que o consumidor está acostumado: em conserva.
Até 1,5 mil hastes descascadas por dia, cada uma pesa mais ou menos quatro quilos, mas só 700 gramas são aproveitados. É por isso que é preciso ter muito cuidado na hora de selecionar o que vai ser aproveitado. Como as plantas também não tem um padrão, o trabalho tem que ser manual, o que não significa baixa produtividade.
Um funcionário seleciona os tipos de palmito. Com rapidez, ele separa o caule conforme a consistência. Os filetes vão para um lado. A ponta da planta é cortada em rodelas. O miolo é a parte mais valiosa. É preciso cerca de três caules para encher um vidro de 300 gramas.
O restante da palmeira é um pouco mais duro, por isso é cortado em cubos antes de ir para o envase. O derivado equivale a 70% da produção total de 3 mil vidros por dia. É dele que a filha do empresário e sócia da empresa criou um produto inovador. Glória Fantini é engenheira de alimentos e desenvolveu o primeiro patê a base de palmito do país.
?Na verdade, o processo é bastante simples. A gente utiliza o próprio palmito picado. Ele é triturado novamente, são adicionado outros ingredientes e um processo de mistura e cozimento junto. (...) Realmente esperamos aumentar a produção até o nível de exportar esse produto para outros países?, relata a empresária.
A rentabilidade do patê é 200% maior que a do palmito picado. A ideia de agregar valor à parte menos nobre da planta surgiu em 2006, quando Fantini procurou apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Ele participou do Sebraetec, um programa que facilita o acesso das empresas às inovações tecnológicas. O Sebrae participou com 80% do custo do projeto da criação do patê.
?O Sebraetec, na verdade, vem fazer com que o empresário consiga aumentar a sua agregação de valor, tanto no seu produto como no seu processo produtivo?, diz Alcides Sgrotti Filho, do Sebrae de Itajaí.
A empresa criou três sabores do patê de palmito: ervas finas, presunto e tomate seco. ?É uma ótima alternativa ao consumidor em termos de saúde alimentar, produto rico em fibras, produto light, em sais mineiras também ele é bastante rico?, diz o empresário.
Ambos também procuraram ajuda do Sebrae para mudar o design do produto. ?Uma embalagem que chame a atenção do nosso consumidor e fazer com que esse produto tenha um valor mais agregado também?, afirma Sgrotti Filho.
A produção do patê de palmito ainda é pequena em relação aos outros itens da empresa. São fabricados 240 vidros por dia, em média. Mas os empresários Edson e Glória Fantini apostam na novidade para aumentar o faturamento da pequena indústria.
?A gente pretende agora, entre 2013 e 2014, um aumento de 30% a 40% na produção do patê e, consequentemente, no faturamento da empresa?, estima a empresária.