Empresa vive apenas de agenciar papais -noéis no fim do ano

Jorge Occhiuzzio criou a empresa quando a demanda por papais noéis ficou maior do que sua capacidade de atender aos clientes sozinho

Jorge Occhiuzzio é dono da Papai Noel Brasil, empresa de casting de papais-noéis. Na foto, ele aparece caracterizado entre crianças de uma instituição beneficente | Divulgação
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O fim do ano é o único período de atividade da Papai Noel Brasil, empresa especializada em agenciar bons velhinhos para participar de eventos, ações promocionais e festas de Natal. A agência recruta papais-noéis para shopping centers, empresas, escolas, instituições beneficentes, restaurantes e até para festas de pessoas físicas.

O negócio é a principal fonte de renda do ator Jorge Occhiuzzio, 57. A maioria dos contratos de sua agência costuma ser fechada em dezembro, mas o planejamento já começa em agosto, quando Occhiuzzio restabelece contatos com clientes antigos e realiza as primeiras conversas com possíveis novos contratantes.

Para não passar aperto no resto ano, ele toma alguns cuidados, principalmente com a administração do dinheiro, como poupar o valor faturado de modo que banque as despesas ao longo do ano. E realiza trabalhos publicitários como ator para complementar a renda.

Para fazer o negócio funcionar, ele precisa ter caixa no fim do ano, antes mesmo de receber dos clientes. ?Em alguns casos, o cliente paga depois de 15 ou 30 dias, mas eu tenho que pagar o profissional na hora para garantir que poderei contar ele no ano seguinte. Isso exige disciplina financeira?, declara.

Trabalho casual virou negócio

O negócio começou por acaso, 12 anos atrás, quando um ator contratado faltou a um evento de Natal e, para socorrer o amigo que era dono de uma agência de animação de festas, Occhiuzzio se caracterizou e encarnou o personagem. ?Eu gostei, o pessoal da festa também gostou e fui chamado de novo. Nos primeiros anos, oferecia apenas os meus serviços. A demanda começou a ser maior do que minha capacidade e passei a chamar atores.?

Atualmente, a empresa possui 80 papais-noéis cadastrados em todo o Brasil, entre atores que se caracterizam, velhinhos de barba natural, e até bilíngues. A contratação de um papai-noel de barba natural varia entre R$ 700 e R$ 1000, por meia hora, na véspera de Natal. Entre os clientes de Occhiuzzio, há grandes empresas e até famosos, cujo nome ele não revela para manter a privacidade.

Os profissionais passam por um processo de seleção que leva em conta a aparência, a simpatia, a habilidade com crianças, o sorriso, o perfume, referências anteriores e a desenvoltura, inclusive com adultos.

?Às vezes, tem aquele que bebeu demais e chega passando a mão na bunda do papai-noel ou o pai que fala para o filho puxar a barba pra ver se é de verdade. É preciso ter jogo de cintura, mas oriento bem todos os cadastrados na minha agência. A experiência também conta muito?, diz.

Negócio sazonal precisa de cuidados especiais, diz consultor

O consultor empresarial Fábio Cornélio, da FCL Consultores, diz que se o negócio já prevê sazonalidade, a empresa tem que preparar o caixa para honrar seus compromissos mesmo nos períodos de baixa.

?Muitas empresas gastam o dinheiro que recebem no período de alta demanda achando que é lucro, mas não é, porque ela terá prejuízo em outros meses. É importante manter uma reserva para arcar com os custos fixos, como funcionários, impostos e aluguel, por exemplo?, afirma.

Para diminuir esses custos, ele recomenda que a empresa mantenha uma estrutura o mais enxuta possível e conte com funcionários temporários nos períodos de alta do negócio.

Outro ponto que o consultor destaca é a gestão do estoque. ?Aproveite o período de pequena demanda para produzir estoque para a alta, se possível. Produzir algo que tenha sazonalidade contrária, para compensar a baixa do outro produto, também é uma boa alternativa?, diz.

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