Estoque estão lotados pelo mundo e as consequências chegam

O mundo está ficando abarrotado de produtos que as pessoas não querem ou não têm dinheiro para comprar

Estoque estão lotados pelo mundo e as consequências chegam | Divulgação
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O mundo está ficando abarrotado de produtos que as pessoas não querem ou não têm dinheiro para comprar. Após dois anos precisando lidar com o desabastecimento causado pela pandemia, companhias agora enfrentam outro problema: excesso de estoque.

O trauma da Covid que desorganizou as cadeias de suprimentos globais, somado à expectativa de aumento nas vendas após a reabertura econômica fez com que algumas empresas corressem para acumular mercadorias. No entanto, o padrão de consumo mudou e, diante da escalada da inflação, a alta demanda simplesmente não se concretizou.

Estoque estão lotados pelo mundo e as consequências chegam (Foto: Divulgação)

No Brasil, os níveis de estoque não fogem muito do esperado. Já em países que sofreram mais fortemente com o caos logístico, o cenário é outro.

O estoque de 2.349 companhias globais de manufatura chegou a um valor recorde de US$ 1,87 trilhão (R$ 10 trilhões) no final de março, uma diferença de US$ 97 bilhões (R$ 5,2 trilhões) em relação ao trimestre anterior.

Esse seria o patamar mais alto dos últimos dez anos, que é quando os dados começaram a ser disponibilizados.

A abundância de mercadorias tem inclusive prejudicado os lucros. Se para algumas varejistas a questão é pagar mais por armazenamento, para outras o problema é descobrir uma forma de vender, o que geralmente significa baixar os preços.

O cenário é bem diferente do visto há pouco mais de um ano, quando alguns países sofreram com a escassez de ampla variedade de bens, de roupas a eletrônicos.

Nos EUA, por exemplo, após um período de poucas vendas nos primeiros meses de pandemia, o auxílio financeiro do governo estimulou as compras, a ponto de algumas empresas de comércio eletrônico terem dificuldades de atender à avalanche de pedidos.

A alta demanda, porém, coincidiu com as interrupções logísticas. Como resultado, as prateleiras chegaram a ficar vazias em determinado momento da crise sanitária.

O temor de uma nova escassez fez com que algumas varejistas aumentassem seus pedidos em meados do ano passado, como forma de se antecipar a eventuais pioras nos transportes e conseguir suprir a demanda. Mas o contexto mudou.

Mas o problema não fica restrito aos EUA. Com a inflação se espalhando pelo mundo, empresas de outros países também estão com produtos demais para vender. De acordo com dados da FactSet, a sul-coreana Samsung viu seu estoque subir para US$ 39,2 bilhões (R$ 211 bilhões) em março, um aumento de 13% em relação ao fim do ano passado.

Estoque estão lotados pelo mundo e as consequências chegam (Foto: A Gazeta)

ESTOQUES EM EXCESSO PODEM SER MAU SINAL

Num cenário de mercadoria em excesso, a constatação imediata é que existe um descompasso entre demanda e oferta. No entanto, também pode ser indicativo de que uma desaceleração econômica está se aproximando.

BRASIL SOFREU MENOS COM A ESCASSEZ E TAMBÉM COM O EXCESSO

O Brasil também sentiu os efeitos do caos logístico da pandemia, mas com uma intensidade menor do que em outros países. Atualmente, se há algum desequilíbrio nos estoques, ele acontece no sentido da escassez — e apenas em alguns setores.

Segundo o consultor em varejo Alberto Serrentino, da Varese Retail, o cenário brasileiro é de razoável estabilidade em relação ao abastecimento de estoques.

Na avaliação dele, o fato de o Brasil ter uma economia verticalizada, diversificada e pouco internacionalizada faz com que o país sofra menos com as rupturas na cadeia de abastecimento.

"Aquilo que às vezes é uma fragilidade nossa, de ser uma economia muito fechada e até um pouco ineficiente, em situações como essas se tornam grandes fortalezas", afirma.

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