Após o período de pandemia, o mercado de trabalho brasileiro apresentou uma redução na desigualdade salarial, beneficiando a camada mais pobre da população. De acordo com o economista Daniel Duque, da FGV, o salário médio dos 25% que ganham menos aumentou significativamente, registrando uma elevação de 15,4% em comparação com 2019. Essa melhora foi impulsionada pela retomada dos serviços, o reajuste do salário mínimo acima da inflação após três anos e a expansão de transferências de programas sociais como o Bolsa Família.
O estudo de Duque apontou que, inversamente, os 25% que ganham mais experimentaram uma queda real de 0,6% no salário médio desde 2019. Embora tenha havido uma recuperação em 2022, foi significativamente menor do que na base da pirâmide salarial.
A falta de trabalhadores em áreas específicas durante a retomada causou uma pressão salarial, resultando em uma distribuição mais equitativa do rendimento do trabalho, especialmente nos estratos de renda mais baixos, explicou Duque.
O economista Bruno Imaizumi, da LCA Consultores, relaciona esse fenômeno à retomada do trabalho híbrido e presencial, que impulsionou o setor de serviços, gerando empregos, principalmente em ocupações como manutenção, portaria, limpeza, serviços de apoio aos escritórios e segurança privada.
Setor mais beneficiado
A oferta crescente de profissionais com ensino superior contribuiu para a redução da renda média dos 25% que ganham mais. A parcela de trabalhadores com ensino superior aumentou de 14,1% para 23,1% entre o segundo trimestre de 2012 e 2023.
O economista da CNC, Fabio Bentes, destaca que o setor de serviços foi o mais beneficiado na recuperação pós-pandemia, refletindo positivamente nos salários dos trabalhadores menos qualificados. A desigualdade regional também diminuiu, com a renda dos trabalhadores paulistas sendo 1,3 vez a média dos nordestinos em 2023, em comparação com 1,5 em 2021.
O aumento da demanda por trabalho menos qualificado, evidenciado pela contratação expressiva em ocupações como vendedores, trabalhadores de manutenção, ajudantes de obras e garçons, contribuiu para a redução da desigualdade. Profissionais com ensino médio ou incompleto ocuparam a maioria dos novos empregos nos últimos 12 meses.
A expectativa é de que a redução da desigualdade persista, mas em um ritmo mais lento, à medida que a composição do mercado de trabalho continue a mudar, favorecendo trabalhadores mais instruídos. No curto prazo, a recomposição salarial dos servidores, a inflação mais baixa e o impacto da educação na redução dos prêmios salariais podem continuar influenciando positivamente o cenário salarial.
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