Europeus buscam mais cidadania brasileira para escapar da crise

A crise econômica explica o aumento dos pedidos para cidadania brasileira.

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Europeus descendentes de brasileiros estão pedindo cada vez mais a cidadania brasileira, segundo levantamento nos consulados do País em Portugal, Espanha e Grécia. Em 2011, ano em que a crise atingiu duramente a Europa, o número de registros de nascimento quadruplicou nesses países na comparação com o ano anterior.

Os registros de nascimento incluem tanto o cadastro de recém-nascidos e crianças (filhos de brasileiros que nasceram no exterior) quanto o de europeus com ascendência brasileira que entram com o pedido de cidadania já na idade adulta.

De acordo com dados do Itamaraty (Ministério de Relações Exteriores), que forneceu as informações de Portugal e Espanha, e dados do Consulado-Geral do Brasil em Atenas, na Grécia, o número de registros de nascimento nos três países saltou de 1.559, em 2010, para 6.320, no ano passado.

O ritmo continua acelerado em 2012, já que, até setembro, o número chegou a 5.437.

Em Portugal, onde os pedidos saltaram de 1.110 para 4.512 no período, estima-se que ?30% dos nacionalizados sejam adultos?, segundo Yara E. Moita, responsável pelo departamento de registros do Consulado-Geral do Brasil em Lisboa.

? Eu acredito que seja por causa da crise, mesmo porque vêm as gerações [todas da família] se registrar. Primeiro vem a mãe, já com 70 anos, depois os filhos. Normalmente, são eles que querem ir para o Brasil.

Uma das explicações para o crescimento é a mudança na lei que regulamenta o registro de nascimento fora do País. Até 2007, brasileiros nascidos no exterior só podiam ser registrados até os 12 anos de idade. A partir desta idade, ele só conseguiria regularizar sua situação no Brasil. Desde então, não há limite de idade para fazer o pedido fora do País.

Mas, de acordo com as fontes , a principal explicação para esse crescimento é a crise econômica que se agravou na Europa no ano passado.

?Com a crise econômica, as pessoas também querem adquirir uma segunda nacionalidade além da grega?, disse Cristos Kakouris, funcionário administrativo do consulado brasileiro em Atenas.

Na Grécia, 92 pessoas foram registradas como brasileiras no ano passado, contra apenas 14 em 2010. Neste ano, 54 já se registraram em Atenas.

? Eles querem ter uma nacionalidade a mais para, se acontecer alguma coisa pior, ter uma porta aberta para viajar ao Brasil.

Desde o agravamento da crise em 2011, a Europa vem enfrentando graves problemas como desemprego e aumento da dívida externa.

Na Espanha, a dívida externa já ultrapassa em 74,9% o PIB do país. Na Grécia, este número é muito maior, chegando a 160%.

O desemprego também é devastador nos dois países, chegando a 24,4%, na Grécia, e 25,1% na Espanha. Já os portugueses amargam uma taxa de 15,9% ? os três países apresentam os maiores índices da União Europeia. Como comparação, no Brasil, a taxa de desemprego atingiu 5,3% em agosto, segundo o IBGE.

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