Os universitários brasileiros esperam iniciar a carreira com um salário de R$ 3.740, aponta pesquisa com 12 mil estudantes feita no primeiro semestre deste ano pela consultoria Universum. O valor é quase 4,5% superior ao apurado no ano passado. Homens e mulheres, no entanto, têm expectativas diferentes. Em média, eles querem ganhar, por mês, R$ 720 mais que elas - uma diferença de cerca de 17%. Antes, era de 22%.
?Historicamente sempre houve uma diferença de expectativas salariais entre homens e mulheres. Contudo, o que ainda é surpreendente é que parte desta diferença começa logo pelas expectativas iniciais. Mais tem de ser feito ao nível das empresas para garantir igualdade entre os sexos?, diz o responsável pela Universum no Brasil, João Araújo.
Para Sofia Esteves, presidente do Grupo DMRH, consultoria de serviços de Recursos Humanos, a pesquisa indica que os homens são mais ambiciosos que as mulheres e também a "falta de informação" entre as universitárias. "No início da carreira não existe esta distinção salarial", afirma. "Isso pode mostrar que o salário não é o ponto mais relevante para elas. Talvez, primeiro, as estudantes visem a trabalhar numa empresa que as valorize."
A executiva lembra que o aumento de 4% nas expectativas salariais é menor que a inflação registrada em 2011, de 6,5%. Segundo Sofia, o valor médio pago pelas empresas a recém-contratados é, em média, de R$ 2.800. "R$ 3.740 é um salário viável para companhias de grande porte."
Outro recorte nos dados do levantamento mostra que os homens prefeririam trabalhar em empresas com mais de mil funcionários, enquanto as mulheres gostariam de iniciar a carreira em companhias com 500 a 1.000 empregados.
"Ao trabalhar numa empresa menor, o recém-formado tem oportunidade de conhecer o negócio mais profundamente, aprender mais e estar mais perto dos gestores", diz Sofia, da DMRH. "As mulheres buscam mais estabilidade."
As diferenças entre os sexos são ainda mais perceptíveis no que se refere à imagem que os universitários têm de um empregador dos sonhos. Os homens aspiram a trabalhar em empresas que promovam a inovação, ofereçam um trabalho desafiante e tenham um salário-base competitivo. Já as mulheres procuram companhias que estejam comprometidas com a sustentabilidade ambiental, ofereçam estabilidade no emprego e sejam uma boa referência para sua carreira futura.
Para Sofia, o perfil das empresas cobiçadas pelos homens é de "grandíssimo porte". "Eles pensam na possibilidade de ascender rápido na carreira", opina.
"Parece claro que os homens estão mais focados no presente, procurando um ambiente competitivo e um trabalho bem remunerado, enquanto as mulheres pensam mais no futuro, quer ao nível da sua carreira pessoal, mas também da sustentabilidade ambiental", concluiu João Araújo, da Universum.