Exportação da indústria seguirá em queda

A disparidade entre o desempenho de quem exporta ou vende no mercado interno acaba sendo o pretexto

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Nem mesmo a possibilidade de ocorrer uma retomada na economia mundial a partir do segundo semestre faz com que as perspectivas do setor industrial para suas exportações parem de cair, agravando ainda mais sua situação, segundo estudo realizado pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

As empresas que responderam ao Indicador Fiesp de Perspectivas de Exportação do mês de julho apontam para uma exportação brasileira de produtos industrializados (manufaturados e semimanufaturados) de US$ 38,713 bilhões no segundo semestre, com recuo de 1,1% sobre o resultado do primeiro semestre (US$ 39,141 bilhões). Somados os dois valores, a previsão para o ano é de US$ 77,854 bilhões, ou 35% a menos do que foi vendido ao exterior em 2008 (US$ 119,775 bilhões).

Na pesquisa, que abrange as previsões das empresas exportadoras até novembro, essa queda é de 32,4% na comparação com os 12 meses anteriores --o que leva a entidade a prever uma perda um pouco maior quando os dados do ano fecharem, já que essa comparação tem desacelerado sistematicamente desde o início do ano. "Se comparar o desempenho da indústria brasileira no mercado interno e externo, no externo a situação é muito mais hostil", disse Paulo Francini, diretor do Depecon (Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos) da Fiesp e responsável pela pesquisa. "O quadro geral não mudou significativamente [em relação ao início do ano]."

Apesar da queda não ser tão forte se observados os dados do primeiro e do segundo trimestres, a comparação com o ano anterior mostra uma grande deterioração, uma vez que as exportações no segundo semestre de 2008 foram 13% maiores que as do primeiro semestre daquele ano. "Com isso, quando olhamos o desempenho no acumulado de 12 meses, vemos um recuo constante desde o início deste ano.

Mesmo que pare de reduzir agora, no acumulado continua caindo", explica Francini. "Por isso que a previsão chega na casa dos 30% a 35% de queda para o fechamento de 2009." Um dos principais problemas para a exportação, aponta o estudo, é que os principais países compradores de produtos industrializados do país estão na lista dos que mais sofreram com a crise financeira global. São os casos de Estados Unidos e União Europeia --que, segundo a última previsão do FMI (Fundo Monetário Internacional), divulgada nesta quarta-feira, verão em 2009 o PIB (Produto Interno Bruto) recuar, respectivamente, 2,6% e 4,8%. Por outro lado, países que não tiveram um baque muito grande com a crise financeira, como a China e a Índia, não são grandes compradores dos produtos industrializados do país.

Produção Esta queda nas exportações de produtos semi e manufaturados responderia, segundo outro estudo divulgado pela Fiesp na semana passada, por uma retração de 5,5% na produção industrial, sendo elevada a 8,8% devido aos efeitos indiretos dos produtos exportados na cadeia produtiva. Como o mercado interno possui um desempenho melhor que o externo neste momento, as vendas dentro do país faria com que a produção industrial chegasse ao final do ano com uma queda de aproximadamente 7,5%.

A disparidade entre o desempenho de quem exporta ou vende no mercado interno acaba sendo o pretexto para que o governo veja como prioritária a ajuda aos exportadores. "O governo já vem tomando medidas pontuais. Quando um setor abre o bico, ele vai lá e ajuda", disse Francini. "Mas os dados mostram que o exportador deve ser prioridade."

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