Entre janeiro e junho, o Brasil exportou mais de 550 mil toneladas de carne bovina, um aumento de volume de 2,5% em relação a igual período do ano passado. O aumento no faturamento no período ficou em 1,8%, chegando a US$ 2,6 bilhões no primeiro semestre de 2012.
Os dados são da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), que, apesar de afirmar que os 2,5% de aumento no volume de vendas no primeiro semestre ficou um pouco abaixo do esperado, mantém sua previsão de aumentar em 2012 o volume de exportação em 10% em relação ao ano passado. Já em relação ao faturamento, a Abiec prevê um aumento de 20% em 2012, comparado ao ano anterior.
Isso porque, segundo disse nesta quarta-feira (25) a gerente de Projetos da Abiec, Liége Nogueira, a retomada de embarques para o Irã, suspensa por meses devido à instabilidade da cena política internacional, é expressiva e pode, já a partir de julho, chegar ao patamar tradicional de 10 mil a 13 mil toneladas por mês. Em junho, as exportações de carne bovina para o Irã aumentaram 242% em relação a maio. A expectativa da Abiec é que os embarques para o Irã cheguem a US$ 60 milhões por mês no segundo semestre.
Para Liége, o aumento de 2,5% de toneladas exportadas, comparado ao primeiro semestre do ano passado, é positivo em relação a uma realidade que o mercado não vinha alcançado, que é o aumento de volume exportado.
?O faturamento vem se mantendo maior devido ao valor agregado dos produtos e a um preço médio mais alto, mas volume apresentava queda devido ao fechamento de alguns mercados que estão sendo retomados?, explicou.
Parceria comercial Brasil-Irã
Sobre o mercado iraniano, Liége lembra que a parceria comercial Brasil-Irã para exportação de carne bovina ganhou força a partir de 2007 e veio crescendo em volume e faturamento.
?No fim de 2011 e começo de 2012 houve grande queda de volume e de valor agregado como reflexo das sanções internacionais sofridas pelo Irã, que respingaram nas exportações de carne bovina do Brasil.
Houve queda de volume de dezembro a maio. Mas em junho houve um aumento expressivo. A partir de julho, o caminho é de retomada do volume exportado entre 10 mil e 13 mil toneladas, que o Brasil sempre fez para o Irã. Em junho exportamos 3.800 toneladas para o Irã , ainda tem de 7 mil a 10 mil para aumentar por mês?, disse Liége.
Segundo a gerente, foi o cenário internacional que influenciou essa instabilidade nas exportações brasileiras:
?Nesse pacote não houve nenhum problema com a carne brasileira, nossos acordos comercias são bem fortalecidos, e a relação exportador-importador é bem consolidada?, disse.
Chile, mercado recuperado
Outro mercado que o Brasil está retomando e que pode garantir a previsão de crescimento para o ano é o Chile. Segundo dados da Abiec, as exportações de carne bovina para o Chile cresceram 241% em volume e 260% em faturamento no primeiro semestre de 2012 em relação ao mesmo período do ano passado.
?O Chile foi o último país a levantar as restrições à nossa carne quando tivemos o episódio da febre aftosa em 2005. No período em que não pudemos exportar para lá por questões sanitárias outros países ocuparam a vaga deixada pelo Brasil nas exportações de carne. Em 2004 exportávamos 106 mil toneladas por ano. Em 2005, o volume caiu para 67 mil toneladas. De 2006 a 2009, a média foi de 5 mil?, explicou ela.
A recuperação começou em 2010, com 21 mil toneladas exportadas. Em 2011, foram 35 mil. E nos primeiros seis meses de 2012, o Brasil já exportou para o Chile mais de 30 mil toneladas, o que pode garantir em 2012 uma exportação de pelo menos o dobro da registrada em 2011, espera a Abiec.
?Com a aftosa que surgiu no Paraguai, o que lamentamos como bloco, como América Latina, a gente voltou a recuperar o espaço?, disse Liége.
Outro mercado promissor é Hong Kong, segundo a gerente de Projetos da Abiec.
?É um mercado em expansão, temos muito para exportar para lá, um mix de produtos diferenciados. Até alguns anos atrás, Hong Kong importava miúdos, produto de menor valor agregado, mas no último ano mudou o padrão de consumo e o país está partindo para a carne in natura, com cortes mais nobres, e importando cada vez mais?, disse ela.