No Piauí não é diferente ? os postos de trabalho estão disponíveis, e os trabalhadores com o perfil desejado pelas empresas não aparecem na quantidade necessária. O gerente de intermediação de mão de obra do Sistema Nacional do Emprego no Piauí (SINE-PI), Felipe Steremberg, comentou essa realidade.
Ele aponta que o Sine tem dificuldades para encontrar profissionais para uma série de especialidades. Uma delas é a de auxiliar administrativo com experiência em licitação, área com bastante demanda. Encarregados de faturamento e pessoas com conhecimento em empréstimo bancário também figuram na lista dos trabalhadores em falta no mercado. A lista é composta ainda por programadores de rede e webdesigners, entre outros.
O contexto das exigências por parte das empresas não favorece os trabalhadores menos experientes. ?Algumas empresas são bem rígidas quanto aos requisitos para contratar o trabalhador. Um exemplo são os departamentos ligados à área de pessoal, para os quais costumamos oferecer muitas vagas. No entanto, nesses casos costumam ser exigidos conhecimentos da função de secretário, de RH, assinar e dar baixa em carteira, entre outras habilidades ? e sabemos que muitos cursos não contemplam tudo isso. Dessa forma, essas vagas acabam sendo ocupadas por pessoas que já tem mais experiência?, diz Steremberg.
A construção civil é especialmente afetada por conta dessa realidade, tanto é que soldadores de estruturas metálicas, eletricistas e carpinteiros também figuram na lista dos trabalhadores mais escassos. Na semana passada, o Sine realizou uma seleção para contratar 165 trabalhadores da área, sendo 55 pedreiros e 110 carpinteiros. Desta última função, ainda restavam 60 vagas na quarta-feira. As vagas eram para o estado do Mato Grosso.
?O estado está crescendo muito. A capital e cidades como Floriano, São João do Piauí, Picos, Parnaíba e outras estão nos solicitando trabalhadores constantemente. No âmbito do programa Minha Casa, Minha Vida, vários municípios pequenos enfrentam dificuldades no sentido de conseguir trabalhadores para a construção de suas unidades habitacionais?, complementa o gerente de intermediação.
Além da falta de qualificação em si, outros problemas acabam aparecendo na tarefa de intermediar mão de obra.
?Muitas empresas de fora entram em contato conosco para contratar motoristas, mas a maioria delas exige que os trabalhadores tenham disponibilidade para viajar. Acontece que muitos não podem cumprir esse requisito, seja por não poderem afastar-se da família ou por não conhecer as estradas de outras regiões, por exemplo?.
Sine busca alternativas para reduzir exigências de empresas
Muitas empresas exigem que o candidato a uma vaga na construção civil, por exemplo, tenha trabalhado pelo menos seis meses, comprovados em carteira assinada. Mas muitos jovens ainda não dispõem dessa experiência, dificultando o acesso aos postos de trabalho. Nesse sentido, o Sine vem tentando agir para eliminar essa exigência quando for possível.
?Em novembro passado fizemos uma seleção para cerca de 200 trabalhadores na construção civil. Chamamos os representantes da empresa e os aconselhamos a conversar com os jovens recém saídos dos diversos cursos de formação profissional que, mesmo sem experiência, talvez estejam até mais determinados que os trabalhadores mais antigos, já que acabaram de concluir a formação e estão precisando do emprego. Selecionamos alguns alunos de diversos cursos e os disponibilizamos para a empresa?.
Outro problema apontado pelo SINE é o fato de que muitas empresas acabam assinando a carteira do funcionário para uma função e o mesmo acaba desempenhando outras em sua rotina de trabalho. Apesar de aprender outras atribuições, o trabalhador pode não ser contratado por outra empresa porque essa mesma experiência das outras funções diferentes não fica registrada na carteira. ?Isso é um problema grave aqui em Teresina. Muitas vezes a pessoa sabe trabalhar com a função pretendida mas não consegue a vaga por falta de comprovação da experiência?, finaliza Steremberg.