Com três dívidas ativas para pagar, as famílias brasileiras comprometem em média 42% de sua renda para quitar seus débitos. Um dos principais responsáveis por esse endividamento é o uso do cartão de crédito sem o pagamento integral da fatura do mês --principalmente entre as famílias de classe C.
Os resultados estão em um estudo realizado pela Proteste Associação de Consumidores, para mapear o endividamento e discutir como é composta a dívida das famílias no país.
"A facilidade de obtenção de crédito, a falta de planejamento familiar e as altas taxas de juros praticadas pelo mercado impulsionam o endividamento", informa o levantamento realizado com 200 participantes de São Paulo e Rio que se reconheceram como devedores.
Os dados serão apresentados hoje no seminário "O consumidor e o acesso ao crédito", que acontece hoje em São Paulo, com o objetivo de discutir as conseqüências do crescimento da oferta de crédito e os seus riscos. No estudo, foram consideradas dívidas vinculadas a financiamentos, crédito, compras parceladas em cartão de crédito, lojas e carnês. Aluguéis e contas de serviço (água, luz, gás e outras) não foram incluídas.
As famílias que participaram do estudo têm renda média de R$ 2.401 e declararam pagar em média R$ 1.009,45 - o que equivale a comprometer 42% da renda para quitar dívidas.
"As instituições financeiras têm grande parte da responsabilidade neste cenário ao estimular o uso do cartão de crédito, cujas taxas de juros foram as únicas a não ter reduções recentemente. Mantêm-se os juros estratosféricos que colocam a pessoa em uma situação de endividamento praticamente impagável", informa a entidade de defesa do consumidor.