A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda revisou para cima sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), bem como reduziu a estimativa de inflação, de acordo com o Boletim Macrofiscal divulgado nesta quarta-feira (17). A SPE aumentou a projeção de crescimento do PIB de 1,9% para 2,5%, impulsionada pelo crescimento de 1,9% no primeiro trimestre e pela expectativa de queda dos juros no segundo semestre devido à desaceleração da inflação. A estimativa de crescimento para o ano de 2024 foi mantida em 2,3%.
As previsões de crescimento foram revisadas positivamente para todos os setores. A projeção para o setor agropecuário subiu de 11% para 13,2%. Para a indústria, a estimativa foi ampliada de 0,5% para 0,8%, enquanto para o setor de serviços, a projeção aumentou de 1,3% para 1,7%. No início do mês, o secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, anunciou que a projeção para o PIB deste ano ficaria entre 2,5% e 3%, enfatizando que o mercado financeiro previa inicialmente uma expansão de apenas 1% para a economia brasileira em 2023.
Guilherme Mello já havia destacado no dia 3 de julho que o crescimento da economia do Brasil estaria entre 2,5% a 3%. O relatório MacroFiscal é divulgado a cada dois meses e serve como parâmetro para que o Governo faça cálculos de arrecadação e despesas das contas públicas.
O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, celebrou os novos números em suas redes sociais, destacando o trabalho do ministro da Fazenda e afirmando que "o Brasil está de volta".
Em relação à inflação, a projeção pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi reduzida de 5,58% para 4,85%. Embora a estimativa esteja acima da meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para o ano, definida em 3,25% com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual, os limites inferior (1,75%) e superior (4,75%) foram respeitados. Para 2024, a projeção caiu de 3,63% para 3,3%.
Desaceleração do IPCA
A SPE atribuiu a revisão para baixo na estimativa de inflação em 2023 à desaceleração significativa do IPCA nos meses de abril e maio. Outros fatores que contribuíram para a queda na projeção foram o reajuste autorizado para planos de saúde, ligeiramente inferior ao previsto, a redução nos preços dos combustíveis nas refinarias e as revisões nas tarifas de energia elétrica residencial e de transporte público.
Para 2024, a projeção menor reflete a queda do dólar em relação ao real, a redução nos preços das commodities e os menores reajustes previstos para preços controlados. Segundo a SPE, a revisão para o próximo ano ocorreu tanto devido à desinflação esperada para 2023 quanto às condições projetadas para a demanda externa.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), usado para o cálculo do salário mínimo e para ajustar aposentadorias, é previsto para encerrar este ano com uma variação de 4,48%, de acordo com a SPE, em comparação com os 5,34% previstos no boletim anterior divulgado em maio. A projeção para o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), que engloba o setor atacadista, bem como o custo da construção civil e o consumidor final, foi revisada de inflação de 2,06% para deflação de 2,21%.
A médio prazo, a SPE espera uma leve desaceleração para 2024, devido à diminuição da demanda internacional, resultando em menores exportações para o Brasil, e ao crescimento projetado menor para o setor agropecuário, que se estabilizará no próximo ano após um crescimento superior a 10% em 2023.
Apesar da desaceleração, a SPE prevê que o crescimento do PIB será mais equilibrado entre os setores da economia em 2024, com a indústria e os serviços melhorando em relação a este ano. O relatório ressalta que esses setores devem se beneficiar da melhoria do ambiente de negócios e da redução das incertezas decorrentes da aprovação das reformas fiscais e tributárias.
Outro fator que deve impedir uma desaceleração maior no próximo ano será a recuperação da demanda interna. O consumo será motivado pela redução das taxas de juros e pela implementação de medidas de estímulo, como o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e as políticas sociais.
A SPE conclui afirmando que o consumo e o investimento devem receber um novo impulso com a redução dos juros, a diminuição da inadimplência, o novo PAC focado na transformação energética, as políticas de valorização do salário mínimo, a igualdade salarial entre homens e mulheres, o novo Bolsa Família e o programa Minha Casa, Minha Vida. Essas medidas devem ajudar a impulsionar a absorção doméstica, garantindo um crescimento sustentável e inclusivo.