Depois de divulgada a notícia de que o Banco Central iria apertar a fiscalização para as taxas de juros e movimentações das operadoras de cartão de crédito, muitos consumidores esperam que realmente os juros baixem. No entanto, de acordo com a pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) divulgada esta semana, as taxas de juros nas operações de crédito para consumidores e empresas voltaram a subir em abril.
A taxa mensal média para os consumidores, passou de 6,77%, em março, para 6,82% em abril. Das seis linhas pesquisadas, apenas o cartão de crédito rotativo manteve o percentual inalterado (10,69%). Já para as empresas, a taxa foi de 3,59% para 3,65% ao mês, com elevação em todas as linhas.
Para o consumidor, muitas vezes, ao ser firmado um contrato com uma empresa não existe a clareza de que a taxa de juros do cartão de crédito é muito alta. Este foi o caso da cabeleireira Ana Cláudia Vieira, que após um período desempregada confiou no pagamento da parcela mínima do cartão e quando se deu conta não tinha mais condições de honrar a dívida.
?Eu nunca pensei que era tão caro refinanciar e eles não avisam isso pra gente. Fui pagando o mínimo e quando vi minha prestação estava infinitamente superior ao que eu de fato devia. Deixei de pagar porque não tinha condições e hoje estou com meu nome sujo?, explica a cabeleireira que se diz muito incomodada com a situação.
Além do alto valor cobrado pelos juros, o envio de cartões sem solicitação ? prática proibida pelo Código de Defesa do Consumidor ? consta junto às principais reclamações dos clientes. De acordo com o advogado e membro do Conselho de Defesa dos Direitos do Consumidor da OAB-PI, Cleanto Jales, a prática é ilegal e em si já é abusiva. ?O consumidor tem de receber previamente o contrato, ler com calma antes de fechar com a empresa de cartão de crédito?, orienta.
Segundo dados da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), o custo dos cartões no Brasil é o mais alto do mundo e deve ser discutido com seriedade, uma vez que 18% de todas as transações efetuadas no país ocorrem por meio dos cartões de crédito. (M.R.)