O diretor-adjunto o Fundo Monetário Internacional (FMI), Murilo Portugal, afirmou nesta segunda-feira (28) que o Fundo vai revisar a previsão para o crescimento da economia mundial em 2010 de 2,5% para 3%.
O anúncio ofiical deve ser feito na terça-feira (29), disse ele durante evento promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na capital paulista. O FMI também melhorou a projeção de crescimento da economia global para este ano, de -1,3% para -1%. Portugal atribuiu essa revisão aos efeitos das políticas de estímulos fiscais e monetárias adotadas pelos governos.
Dúvidas
Apesar dessa revisão positiva, o diretor-adjunto do FMI afirma que há motivos para dúvidas sobre a continuidade da trajetória de recuperação nos próximos anos. Isso porque o desemprego deve continuar elevado em 2009 e 2010 nos países desenvolvidos, o que limita a expansão do consumo.
Além disso, os bancos dos países desenvolvidos não foram suficientemente capitalizados para voltar a oferecer crédito ao setor privado. "A oferta de crédito vai se expandir pouco nos Estados Unidos e na Europa e, por isso, sugerimos a manutenção das políticas de estímulos governamentais em vigor", afirmou. Portugal afirma que a recuperação que está em curso é motivada por elementos de natureza transitória - recomposição dos estoques da indústria e os pacotes de estímulo do governo - que tendem a perder força.
Subsídios
Embora o FMI considere que ainda não seja o momento de os governos eliminarem os estímulos econômicos, o diretor diz que não é cedo para que se comece a avaliar de que forma isso será feito. "É preciso discutir a intensidade, o momento certo e a melhor sequência de suspensão dos estímulos", afirma.
Além disso, os países desenvolvidos terão como desafio buscar a sustentabilidade fiscal, uma vez que o custo fiscal da crise foi elevado. Segundo ele, o déficit público dos países desenvolvidos fez a dívida pública projetada crescer de uma média de 75% do PIB, em 2008, para 118% do PIB, em 2014.
Neste ano, quase todos os países do G-7, com exceção do Canadá, devem ter dívida de pelo menos 90% do PIB. "É uma situação que não tem precedentes em tempos de paz", afirma.