Após aprovação na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), o Senado Federal aprovou, nesta terça-feira, 4, a indicação de Gabriel Calípolo para ocupar o cargo de diretor de Política Monetária do Banco Central. Também foi aprovaa a indicação de Ailton de Aquino Santos para o cargo de diretor de Fiscalização do Banco Central. A decisão será comunicada à Presidência da República.
Os indicados, propostos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), têm potencial para ajudar o governo a superar as resistências enfrentadas dentro da autarquia, atualmente comandada por Roberto Campos Neto.
Gabriel Galípolo, atual secretário-executivo do Ministério da Fazenda, recebeu 39 votos a favor, 12 contra e 1 abstenção. Já Ailton de Aquino Santos, servidor de carreira do BC, obteve 42 votos a favor, 10 contra e 1 abstenção. Na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), Galípolo foi aprovado com 23 votos a favor e 2 contra, enquanto Aquino teve 24 votos a favor e 1 contrário.
Durante a sabatina, que durou aproximadamente duas horas e meia, os senadores não fizeram questionamentos incisivos, indicando que as aprovações de Galípolo e Aquino eram prováveis. Os temas mais abordados nas perguntas foram a autonomia do Banco Central, a manutenção da taxa de juros em torno de 13,75% e o endividamento das famílias. Galípolo evitou discutir a Selic.
Galípolo ressaltou que não cabe aos diretores opinar ou estabelecer diretrizes sobre a autonomia do BC, afirmando que eles seguem a legislação vigente. Ele enfatizou que a autonomia não significa agir contrariamente à vontade democrática, destacando que a política econômica é decidida pelo poder eleito e pela vontade das urnas.
Galípolo também destacou os esforços dos Três Poderes para destravar pautas que impulsionam e estabilizam a economia brasileira, resultando na redução das taxas de juros a longo prazo. Ele apontou que as medidas implementadas até o momento produziram valorização da moeda, previsões de um déficit primário menor, aprovação de uma nova regra fiscal, projeções de crescimento mais elevado e menor inflação. Segundo Galípolo, o mercado já projeta taxas de juros mais baixas e cortes futuros na taxa.
Ailton de Aquino Santos mencionou que o endividamento das famílias é um desafio, e apontou o cartão de crédito como o maior vilão nesse contexto. Ele considera o Marco Legal das Garantias essencial para reduzir os juros em todas as modalidades de crédito, além de ressaltar a necessidade de mais concorrência para diminuir as tarifas. Aquino destacou também o encolhimento do quadro de servidores do Banco Central em contraste com o aumento das demandas de fiscalização, o que, em sua opinião, demanda valorização da carreira e a abertura de novos concursos.
Galípolo é formado em Ciências Econômicas, é mestre em Economia Política e é o atual secretário-executivo do Ministério da Fazenda. Ele tem 39 anos e em currículo há a fundação da Galípolo Consultoria, da qual foi sócio-diretor até 2022. Entre 2017 e 2021, foi presidente do Banco Fator.
Galípolo também é membro dos conselhos Superior de Economia e de Infraestrutura, ambos da FIES. De 2006 a 2012, Galípolo atuou como professor da graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) em disciplinas como Economia Brasileira Contemporânea; Macroeconomia; Economia para Relações Internacionais; Introdução à Ciência Política; História do Pensamento Econômico; Economia Política; entre outras.
Advogado e contador, Aquino é o primeiro negro a fazer parte da diretoria do Banco Central, Aquino vai ser responsável pela supervisão das instituições que formam o Sistema Financeiro Nacional (SFN), tendo como foco no entendimento do modelo de negócios, na liquidez, solvência e viabilidade de cada uma dessas instituições. Desde 1998, Aquino é servidor de carreira do BC.