Gás natural deve iniciar uma trajetória de queda de preço, indica estudo

O estudo revela que a Petrobras tem sido o principal player na assinatura de novos contratos

Gás natural tem indicação de queda de preço | Agência Petrobras
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Um estudo recentemente divulgado pelo UBS BB (Banco de Investimento)  prevê uma trajetória de queda no preço do gás natural no Brasil nos próximos anos. Segundo os analistas Luiz Carvalho, Tasso Vasconcellos e Matheus Enfeldt, o preço médio da molécula de gás pode cair aproximadamente 17%, chegando a US$ 9,70 por milhão de BTUs (equivalente a 26,8 metros cúbicos).

Essa projeção foi calculada considerando uma estimativa de cotação do barril de petróleo Brent no longo prazo, fixada em US$ 75, e tomando como referência a precificação futura da molécula de gás, que é de 12,9% do valor do Brent, baseando-se na maioria dos contratos assinados recentemente. Até o momento, em 2023, o preço da molécula de gás tem sido negociado em torno de US$ 11,5 por milhão de BTUs. Essa cifra é resultado da atual cotação do Brent, que gira em torno de US$ 80, e do modelo predominante nos contratos anteriores de fornecimento da Petrobras, onde a molécula de gás era calculada em 14,4% do valor do Brent.

O estudo revela que a Petrobras tem sido o principal player na assinatura de novos contratos, adotando a precificação da molécula de gás em 12,9% do valor do Brent. A maior parte dos contratos assinados antes de 2022 possuía precificação fixa, ajustada periodicamente com base nas oscilações do preço do petróleo ou no IPC. Contudo, a volatilidade crescente no preço do petróleo levou a um novo modelo de precificação ajustado.

O relatório também aponta que uma nova onda de contratos de fornecimento de gás vai encerrar no início da década de 2030, coincidindo com o início da operação de diversos novos projetos de gás natural no país. Essa conjunção de fatores, segundo os analistas, tende a impulsionar ainda mais a redução nos preços no futuro. Um dos fatores que contribui para a melhoria do cenário é o aumento significativo da produção de gás natural no Brasil desde 2000, que passou de 36 milhões de m³/dia para aproximadamente 150 milhões de m³/dia em 2023, especialmente impulsionado pelo gás associado.

O estudo destaca também que a produção de gás natural deve continuar crescendo nos próximos anos devido à conclusão de três grandes investimentos planejados para o período de 2024 a 2028. Dentre eles, destacam-se o gasoduto Rota 3, a iniciar em 2024, que ligará campos do pré-sal ao complexo Gaslub (antigo Comperj); o projeto BM-C-33, previsto para 2028, liderado pela Equinor com a participação da Petrobras e Repsol, abrangendo os campos Pão de Açúcar, Gávea e Seat; e o projeto Sergipe-Alagoas, também previsto para 2028, que inclui a instalação de duas plataformas de produção em águas profundas e um gasoduto de 130 quilômetros de extensão.

Atualmente, o campo de Tupi, localizado na Bacia de Santos, é responsável por 36% do volume de gás disponível no país, seguido por Búzios com 7%. As projeções indicam que, até 2030, a participação de Búzios deve aumentar para 17%, seguido pelos projetos de Sergipe-Alagoas com 16% e BM-C-33 com 10%, enquanto Tupi deve responder por 9%, perdendo representatividade.

Com o aumento da produção de gás local, espera-se que a participação do gás natural na matriz energética brasileira cresça significativamente na próxima década. Atualmente, o gás natural é a principal fonte de energia somente em três Estados: Alagoas, Maranhão e Sergipe, enquanto a energia hidrelétrica permanece como a principal matriz em todo o país. No cenário atual, o gás natural representa apenas 9% da matriz energética brasileira, mas espera-se que, até 2031, esse número alcance 25% devido aos projetos em andamento.

Outra perspectiva positiva apresentada pelo estudo é que o Brasil tem reduzido sua necessidade de importar gás natural, diminuindo a dependência de fornecedores estrangeiros. Em 2023, a necessidade de importações reduziu para cerca de 30% em comparação com a média histórica, que era próxima a 50%, graças ao aumento na produção geral e no gás natural disponível no país.

Atualmente, a Bolívia é o principal fornecedor regional de gás natural para o Brasil, mas a expectativa é que ela deixe de exportar para o país até 2030, devido à queda na produção e à falta de oferta. Por outro lado, a Argentina deve se tornar o principal exportador de gás na América Latina, graças às suas reservas significativas, que ainda não foram desenvolvidas. Investimentos em curso, como a expansão do gasoduto Nestor Kirchner, têm o potencial de fortalecer ainda mais a indústria de gás argentino e possibilitar a exportação para o Brasil.

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