O número de brasileiros que passaram a pertencer à classe média entre 2004 e 2010 chega a 30 milhões, segundo dados da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. Com isso, já são 95 milhões as pessoas com renda mensal entre R$ 1.064,00 e R$ 4.561,00, o correspondente a 50,5% da população brasileira. Essa parcela de consumidores é exigente e está demandando serviços e comprando produtos que antes não estavam ao alcance. Em 2001, esse grupo de pessoas foi responsável por R$ 1,8 bilhão em gastos com consumo - despesas com lazer e estética, por exemplo. Apenas oito anos depois, em 2009, esse gasto saltou 48.844% para R$ 881 bilhões (no ano, o gasto total do brasileiro no mercado consumidor foi de R$ 2,2 trilhões).
Segundo dados do instituto Data Popular, 60% das mulheres pertencentes à classe C vão regularmente a salões de beleza. Essa nova classe média é responsável por 78% das compras em supermercados, por 70% dos cartões de crédito do País e por 80% das pessoas que acessam a internet. No ambiente virtual, os integrantes dessa classe movimentam R$ 273 bilhões por ano em compras e pagamento de contas, valor que dobra se for considerado o crédito disponibilizado a esse estrato social.
Com o aumento da renda e da segurança da manutenção do emprego, essa nova classe média passou a migrar dos serviços públicos para os privados, como escolas particulares e planos de saúde. Segundo dados da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, a migração de pessoas do setor público para o privado é o mesmo na saúde e na educação. Em 2003, 11% dos alunos matriculados nos ensinos fundamental e médio frequentavam escolas particulares. Atualmente, esse percentual está em 16% e deve chegar a 20% nos próximos cinco anos.
Preocupação com educação também é uma constante na nova classe média. Quase 70% dos jovens pertencentes à classe C estudaram mais que os pais, de acordo com o Data Popular. Segundo o instituto, na maioria das famílias de classe média os pais são mecânicos, pedreiros, empregadas domésticas e cozinheiras. Os filhos, no entanto, seguem caminho diferente e, em sua maioria, procuram empregos com carteira assinada e que exigem mais qualificação. Nessas famílias, o gasto com pagamento de escolas, material escolar e livros subiu de R$ 1,8 bilhão em 2002 para R$ 15,7 bilhões em 2009.
A garantia de emprego e o aumento de salário também conferiram a essa nova classe social novos desejos, como comprar carros e imóveis. Pesquisa do instituto Data Popular mostra que 19% dessas pessoas planejam comprar uma casa ou apartamento nos próximos meses e 9,5 milhões pretendem adquirir um carro, novo ou usado, nos próximos 12 meses.