A companhia aérea japonesa Japan Airlines (JAL), a maior da Ásia, apresentou nesta
terça-feira (19) pedido de concordata em um tribunal de Tóquio, de acordo com a lei local de reabilitação corporativa, informou a agência "Kyodo".
Segundo a Reuters, a companhia acumulava um total em dívidas de 2,3 trilhões de ienes ( US$ 25,4 bilhões) até o final de setembro.
A concordata é um recurso legal que empresas utilizam quando não conseguem mais pagar suas dívidas para continuar em atividade. O pedido de concordata durante o processo de falência permite manter a empresa em funcionamento. Na falência, todas as atividades da empresa são encerradas.
A companhia, de acordo com agências internacionais, continuará voando graças ao apoio de quase 1 trilhão de ienes (US$ 11 bilhões) do Enterprise Turnaround Initiative Corp of Japan (Etic), fundo apoiado por recursos do governo e voltado a resgatar empresas.
A empresa, no entanto, deverá passar por uma profunda reestruturação, incluindo a formação de um novo conselho de administração. A Japan Airlines já foi socorrida pelo governo três vezes nos últimos dez anos.
A concordata da empresa é a sexta maior "quebra" da história do Japão após a Segunda Guerra Mundial, e a mais grave já registrada por uma companhia que não pertence ao setor financeiro.
O plano de reestruturação prevê que a JAL possa voltar aos números positivos no ano fiscal de 2011. Caso a estratégia não dê certo, os bens da companhia seriam postos à venda para garantir o ressarcimento de seus credores.
Está previsto que, por conta da quebra, as ações da JAL deixem de ser negociadas. Em apenas uma semana, os títulos perderam 90% de seu valor, até alcançar uma capitalização total de apenas US$ 150 milhões.
Influências
Para analistas, são muitas as razões que levaram a companhia à situação financeira em que se encontra. A administração da empresa tem frequentemente sido criticada: um diretor executivo deixou a companhia em 2005 depois de diversas falhas de segurança prejudicarem a imagem da JAL.
Além disso, a Japan Airlines enfrentou outros problemas relacionados à aviação mundial na última década, como o atentado de 11 de setembro de 2001, a gripe aviária, o aumento dos preços dos combustíveis e a crise financeira internacional. Na opinião do mercado, a ajuda do governo é a única razão pela qual ainda não foi à falência.
Demissões
Na semana passada, a empresa anunciou que cortaria cerca de 15.600 empregos, 30% do quadro de funcionários, para o pagamento de dívidas.
O corte de empregos, superior ao previsto anteriormente, deve acontecer até abril de 2013. Ele foi definido pelo fundo de investimento estatal responsável pelo plano de recuperação da JAL.
O Etic estima que a perda operacional da JAL chegará aos 265,1 bilhões de ienes.