Após 40 dias em concordata, a montadora americana General Motors (GM) anunciou oficialmente nesta sexta-feira (10), em Detroit, o plano de reestruturação e o nascimento da nova companhia, que será nomeada General Motors Company (GMC). O anúncio foi feito um dia após ter expirado o prazo legal para que os opositores a seu plano de saída da quebra apresentassem algum recurso de apelação
As autoridades americanas e canadenses entregaram à GMC cerca de US$ 50 bilhões para a compra dos ativos da GM que irão assegurar a operação da nova companhia, que estará formada pelas marcas Chevrolet, Cadillac, GMC e Buick.
Em troca de sua contribuição monetária, o governo americano possuirá 60,8% da GMC. As autoridades canadenses, que entrarão com pouco mais de US$ 9 bilhões, controlarão 11,7%.
O resto será repartido entre sindicato United Auto Workers (UAW), com 17,5%, e os credores da GM, que terão 10%. Estes dois grupos poderão aumentar posteriormente sua participação até 20% e 25%, respectivamente.
A nova GM surge após ter reduzido dívidas e obrigações com seguro-saúde em 48 bilhões de dólares, fechar quase 40% de sua rede de concessionárias e eliminar as marcas Saab, Saturn, Hummer e Pontiac. Na Europa, as negociações para a venda de uma participação majoritária da Opel continuam.
O governo americano disse na semana passada que está preparado para abandonar sua participação na GMC em 2010 assim que a companhia fizer uma oferta pública de ações.
Efeitos da concordata
A aprovação da venda pela corte judicial marca a conclusão de um esforço sem precedentes do governo norte-americano para salvar a GM e a Chrysler por meio da redução de dívidas, custos trabalhistas e concessionárias.
As vendas da montadora despencaram 36 por cento durante junho quando pediu proteção judicial contra falência. Executivos disseram que o relançamento da companhia é uma chance de tentar quebrar a associação negativa dos consumidores.
"Eu realmente espero pelo momento em que estaremos operando no azul e o nome da companhia não será associado à concordata", afirmou Mark LaNeve, diretor de vendas da GM.
O presidente executivo, Fritz Henderson, já detalhou planos de tornar a companhia mais produtiva e menos burocrática, reduzindo o número de executivos. De acordo Henderson serão cortados 35% dos ocupantes da alta direção e 20% de trabalhadores, passando de 91 mil para 64 mil funcionários até outubro deste ano.
Outro pilar do plano é o compromisso da GM de lançar mais carros de consumo eficiente de combustível, como o Volt (modelo elétrico que será lançado no ano que vem), e concentrar seus recursos em menos marcas, modelos e concessionárias.
A companhia queimou 40 bilhões de dólares nos últimos quatro anos e registrou perdas de mais de 80 bilhões de dólares no período.