Na tentativa de recuperar a credibilidade de sua política econômica e ajudar o Banco Central a combater a inflação, o Ministério da Fazenda deve fazer um corte adicional nas despesas do Orçamento entre R$ 11 bilhões e R$ 13 bilhões.
Esse bloqueio nas despesas federais pode ser reforçado nos próximos meses, caso a meta de superavit primário de 2,3% do PIB corra risco de não ser cumprida.
Segundo apuramos, haverá um bloqueio forte no custeio da máquina do governo, como gastos com passagens aéreas, diárias de viagens, material de escritório e consumo, entre outros.
Para promover o corte, o Ministério do Planejamento faz simulações sobre onde é possível queimar gordura sem comprometer o funcionamento da burocracia pública. Gastos sociais e despesas estratégicas nas áreas de saúde, segurança e educação estão, até agora, preservados.
Sob condição de anonimato, um ministro disse que praticamente todas as estruturas da Esplanada dos Ministérios terão de se replanejar e lembrou que os "cerca de R$ 11 bilhões de contingenciamento, podendo chegar a R$ 13 bilhões", serão feitos em seis meses, o que implicará uma renúncia proporcionalmente maior.
O anúncio será feito pelo titular da Fazenda, Guido Mantega, e sua colega do Planejamento, Miriam Belchior, mas não necessariamente antes da reunião do Copom, que começa hoje. Isso porque o Executivo pode precisar de mais tempo para fazer as simulações do bloqueio.
Na avaliação interna, o governo já sinalizou ao BC que fará cortes suficientes para atingir a meta de 2,3% de superavit, adotando uma política fiscal mais restritiva. Mantega já disse publicamente que o bloqueio ficará abaixo de R$ 15 bilhões.
Interlocutores presidenciais afirmam que Dilma Rousseff vai investir na recuperação da credibilidade de sua política econômica. Desde 2012, maquiagens para o cumprimento da meta fiscal ajudaram a deteriorar a imagem do governo nessa área.