O fraco desempenho do PIB levou a presidente Dilma a adotar medidas para acelerar a economia, mas está fora dos planos do governo voltar a reduzir a taxa de juros e forçar uma desvalorização mais acentuada do real.
A avaliação no Palácio do Planalto é que o momento demanda "tranquilidade", porque o país passa por uma fase de "transição" na economia e um erro na mão pode pressionar a inflação.
Principalmente depois de o IPCA de novembro surpreender negativamente, com alta de 0,60%, indicando que a inflação oficial deve ficar acima de 5,5% neste ano.
O recado do Banco Central é que a mais recente ata do Copom está valendo. O documento diz que a melhor estratégia agora é manter a taxa de juros -de 7,25% ao ano- estável por um "período suficientemente prolongado".
O mercado chegou a sugerir que o BC poderia retomar o processo de queda dos juros, já que a reunião do Copom ocorreu antes da divulgação do PIB do terceiro trimestre, quando o país cresceu apenas 0,6%, indicando que o ano deve ficar em 1%.
Segundo assessores, a orientação é tomar medidas para elevar o investimento, que registrou recuo nos últimos cinco trimestres, mas evitar ações nas políticas monetária e cambial.
Nessas duas áreas, o governo considera que medidas tomadas ainda vão surtir efeito -a taxa Selic atingiu seu ponto mais baixo e o dólar passou a valer mais de R$ 2.
O ministro Guido Mantega adiantou a orientação ao dizer que uma das razões para o ritmo lento do PIB é que o Brasil passa por um processo de "desintoxicação".
"Tínhamos um organismo viciado em juros altos e câmbio valorizado. Para sair disso, demora um certo tempo."
Enquanto isso, diz, o governo precisa tomar medidas para tornar o Brasil mais competitivo.
As medidas mais recentes tiveram esse foco, como a desoneração da folha de pagamento da construção civil e a renovação do PSI (Programa de Sustentação de Investimentos) do BNDES, que financia a juros baixos a compra de bens de capital.
Mantega diz ainda que, após a "desintoxicação", o país estará preparado para fixar uma meta de inflação abaixo de 4,5% ao ano, ao final do governo Dilma.
Nesse caso, a nova meta só entraria em vigor dois anos à frente, como determina a regra atual. Antes disso, reduzi-la "engessaria a economia", ou seja forçaria o BC a apertar a política monetária reduzir a inflação.