A crise na economia global, deflagrada com a quebra do banco americano Lehman Brothers há um ano, fez com que governos do mundo todo empenhassem recursos da ordem de US$ 6,9 trilhões para conter o avanço da recessão global.
Só nos Estados Unidos, ronda os US$ 2,6 trilhões o montante empenhado nas principais medidas para não deixar o país afundar. Dois pacotes se sobressaem dentre essas ações governamentais: o primeiro, de US$ 700 bilhões, proposto pela administração do então presidente, George W. Bush (2001-2009), foi aprovado em outubro do ano passado; o segundo, de US$ 787 bilhões, foi aprovado em fevereiro deste ano, já na administração de Barack Obama.
O pacote do governo Bush se dirigia a bancos que estivessem em risco de quebrar (depois viria a ser estendido em seu alcance, beneficiando empresas de outros setores). Já o do governo Obama é um pacote de estímulo, na forma de incentivos fiscais e ajudas diretas para criar ou manter empregos e incentivar investimentos e consumo. Mas essas foram apenas as medidas que ganharam mais destaque --no primeiro caso, porque foi alvo de uma queda de braço no Congresso (a medida foi rejeitada em primeira votação na Câmara, mas em seguida foi aprovada pelo Senado) em uma administração já afetada pelos níveis extremamente baixos de popularidade de Bush, e no segundo porque foi aprovado com menos de um mês da nova administração.
Mas, embora tenham recebido grande espaço na mídia, não são os maiores valores envolvidos. O Fed, por exemplo, anunciou em março deste ano US$ 1,150 trilhão em recursos para comprar papéis de dívida, principalmente ligados ao mercado imobiliário, mas também em títulos do Tesouro americano. Mais ajuda Outros países se mobilizaram para manter a economia à tona. A China, por exemplo, aprovou em março deste ano um pacote de 4 trilhões de yuans (cerca de US$ 585 bilhões), medida que já havia sido sugerida em novembro do ano passado --o mercado financeiro chinês, no entanto, esperava um pacote muito maior, de até 10 trilhões de yuans (US$ 1,46 trilhão).
Na China, o pacote ajudou de fato a economia a se aguentar: depois de um tropeço no primeiro trimestre, quando o crescimento no país foi de "apenas" 6,1% (na comparação com o mesmo período de 2008), no segundo a expansão foi de 7,9%. Para efeito de comparação, os EUA tiveram uma queda de 6,4% (dado anualizado) no primeiro trimestre, de 1% no segundo e só neste é que se espera que o país volte a crescer. Mesmo assim, o ano deve fechar com uma queda de mais de 2% nos EUA, enquanto na China a previsão é de crescimento de 8%.
Ainda na Ásia, o governo da Coreia do Sul preparou US$ 130 bilhões em ajuda aos bancos locais em outubro do ano passado, para pagarem dívidas que contraírem em moeda estrangeira e outros US$ 25 bilhões em benefícios fiscais para evitar a recessão no país. O Japão, por sua vez, anunciou no ano passado 50 trilhões de ienes (cerca de US$ 550 bilhões, em valores atualizados) em ajuda à economia, em duas fases: em outubro, foram 27 trilhões de ienes e em dezembro 23 trilhões de ienes. Em agosto --antes, portanto, do recrudescimento da crise--, o governo japonês lançara um pacote de 11,5 trilhões de ienes (US$ 126 bilhões).
Na Europa, os governos também se mobilizaram. O Reino Unido, duramente atingido pela crise, lanço em outubro do ano passado um pacote de 500 bilhões de libras (cerca de US$ 830 bilhões, em valores atualizados) para impedir que uma quebra generalizada no setor bancário. Alemanha e Suécia seguiram o mesmo caminho no primeiro caso, com uma ajuda de 400 bilhões de euros (US$ 582 bilhões, em valores atualizados), e, no segundo, de 1,5 trilhão de coroas suecas (cerca de US$ 213 bilhões).
Outubro de 2008 foi marcado ainda pela movimentação de outros governos: França (360 bilhões de euros, ou cerca de US$ 524 bilhões), Holanda (200 bilhões de euros, ou cerca de US$ 291 bilhões), Espanha (100 bilhões de euros, ou cerca de US$ 145,5 bilhões), Áustria (100 bilhões de euros), Itália (40 bilhões de euros, ou cerca de US$ 58,2 bilhões) e Portugal (20 bilhões de euros, ou cerca de US$ 29,1 bilhões). Os valores em dólares são atualizados.