Horário de verão diminui, mas não faz extinguir apagões, afirma especialista

Horário de verão diminui, mas não extingue risco de apagões, diz especialista

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O horário de verão, previsto para começar a partir da 0h deste domingo (20) nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, diminui, mas não extingue o risco dos "típicos apagões da estação", segundo Reinaldo Castro Souza, professor do Departamento de Engenharia Elétrica do Centro Técnico Científico da PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro).

"A medida não é garantia de um verão sem problemas. Grandes apagões acontecem nessa época, onde há naturalmente um aumento do consumo de energia", afirma o especialista, que diz ainda que o adiantamento dos relógios torna o sistema energético mais estável no horário de pico. "A madrugada não é problema para o sistema, o problema está entre 18h30 e 21h, quando a demanda por energia no país é maior."

O prolongamento da luz solar neste intervalo, conforme Souza, "ameniza um pouco" a demanda por energia, principalmente nas regiões Sul e Sudeste, que concentram 70% do consumo de energia do país. "Seria pior se não tivesse o horário de verão", diz. O professor ainda acrescenta que o sistema energético brasileiro suportaria o abastecimento sem a alteração nos relógios dos moradores das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, mas com maior risco de apagões.

Com o horário de verão, que vai vigorar do dia 20 de outubro de 2013 até 16 de fevereiro de 2014, moradores de 10 Estados brasileiros [Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás], além do Distrito Federal, devem adiantar os relógios em uma hora.

O Tocantins, que aderiu ao horário na edição anterior, e a Bahia, que também já adotou a medida em anos anteriores, decidiram não mais mexer nos relógios. "O ganho nessas regiões é mínimo e não compensa os desgastes da mudança, tampouco a insatisfação da população", explica Souza. A medida é adotada no Brasil desde 1931 como forma de economizar energia.

Nesta edição, segundo o ONS (Operador Nacional do Sistema), a economia deve chegar aos R$ 400 milhões com os 119 dias de duração do horário de verão 2013/2014. Com uma hora a mais de luz natural, a demanda no horário de pico deve diminuir 4,6% no subsistema Sudeste/Centro-Oeste e 5% no subsistema Sul, conforme previsão do órgão federal.

Em entrevista ao "Estadão Conteúdo", o secretário de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia, Ildo Grüdtner, informou que nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, em termos de consumo, a economia será equivalente a 25% do consumo mensal de energia da cidade de Brasília. No Sul, a economia do consumo de energia será o equivalente a 75% do consumo mensal de energia da cidade de Curitiba.

Especificamente nos 24 municípios de São Paulo atendidos pela AES Eletropaulo, a concessionária paulista estima reduzir em 4,5% o consumo de energia elétrica no período, volume que, segundo a empresa, corresponde à demanda de energia de um mês nos municípios de Osasco e São Caetano, que têm mais de 840 mil habitantes somados.

Estado campeão

O Estado que mais se beneficia com a mudança é o Rio Grande do Sul, que, de acordo com a estimativa da ONS, deve ter uma redução de 5,1% da demanda. Na sequência, aparecem Mato Grosso do Sul (5%), Paraná (4,9%) e Santa Catarina (4,9%). "Os efeitos do horário de verão são mais vantajosos para o Sul do que para o Sudeste e Centro-Oeste. Se justificaria, inclusive, prorrogar a mudança na região pelo menos até março", relata o professor da PUC-Rio.

Os ganhos com o horário de verão, de acordo com Grüdtner, têm sido semelhantes nos últimos anos. "Em termos percentuais, a demanda costuma cair entre 4,5% e 5%, e o consumo de energia, em média, 0,5%", disse ele. Mas, por conta de um ano atípico e com pouca chuva, o horário de verão de 2012/2013 deixou de reduzir gastos com energia porque o governo precisou manter a capacidade de funcionamento das usinas termelétricas a pleno vapor para evitar o racionamento de energia.

"Para que os ganhos sejam efetivos é preciso torcer para que tenhamos uma primavera e um verão quentes, já que em dias nublados não há economia alguma", aponta Souza, que afirma que as previsões do tempo não são muito otimistas. "Os meteorologistas estimam que essa primavera seja mais molhada, ou seja, não sei se realmente teremos todo esse ganho previsto pelo governo."

Decreto de 2008

Por conta de um decreto presidencial, desde 2008 foram estabelecidas datas fixas para início e término do horário de verão. Até então, publicava-se um decreto para definição do período da mudança.

Com o decreto, em todos os anos o horário tem início no terceiro domingo de outubro e termina no terceiro domingo de fevereiro. E caso a data de término coincida com o domingo de Carnaval, o fim do horário de verão acaba sendo transferido para o domingo seguinte.

"O dia mais longo do ano é o primeiro dia do verão, que, em 2013, cai no dia 21 de dezembro. Como a claridade vai diminuindo de forma simétrica, se torna mais coerente e mais eficaz a mudança do horário no final da primavera e no começo do verão", explica Souza.

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