Levantamento feito a partir do cruzamento de dados do balanço anual da TV Record com informações do mercado publicitário apontam que a Igreja Universal injetou R$ 482 milhões na emissora no ano passado. No total, a emissora faturou R$ 1,9 bilhão. A igreja foi responsável por cerca de 25% da receita da TV. Esse dinheiro se refere à compra, por parte da Universal, de seis horas diárias da programação na Record.
A Universal também compra duas horas por dia na TV Gazeta, em horário nobre. Na Gazeta, a estimativa é que isso custe, no máximo, R$ 2 milhões mensais. Procurada, a Record não quis se manifestar.
Não há irregularidade na compra de horários de TVs por terceiros. Outras igrejas loteiam horários na RedeTV!, Gazeta e Band. A legislação prevê que somente 25% da programação pode ser dedicada à publicidade.
O balanço foi publicado no último dia 31 de maio no "Diário Oficial Empresarial". Apesar do grande faturamento e das injeções de recursos, a emissora fechou o ano passado com prejuízo de R$ 1,7 milhão. O resultado se refere apenas às emissoras próprias da rede, e não inclui afiliadas.
No "Diário Oficial", a Record informa apenas que conta com parcerias e clientes que lhe fornecem uma receita mensal fixa, mas não as identifica, não dá detalhes e tampouco valores. Para comparação, o valor pago pela Universal à Record em 2010 equivale a aproximadamente todo o faturamento anual da RedeTV!. Desde 2005, quando lançou o plano-slogan A Caminho da Liderança (que pretendia levar o canal à liderança de audiência da TV aberta em dez anos), a Record passou a receber grandes injeções da Universal.
Em 2005, a igreja pagava cerca de R$ 20 milhões mensais pelos horários nas madrugadas. Esse valor dobrou em cinco anos. No mesmo ano, a Record começou a investir no segundo maior complexo de dramaturgia do Brasil, o Recnov, localizado no Rio, só atrás do Projac, da Globo.