A indústria brasileira desenvolveu um equipamento capaz de cozinhar e, com o calor produzido, gerar energia para casas sem luz elétrica. É um fogão a lenha e ao mesmo tempo uma miniusina de geração de energia. Cerca de 300 famílias que vivem em comunidades distantes em Xapuri, no Acre, são as pioneiras na utilização desse equipamento. Com o fogão, elas têm luz, alimento refrigerado e podem ver TV.
Quatro horas de preparo diário de alimentos geram energia para manter acesas três lâmpadas de LED por seis horas, um rádio por quatro horas, uma TV de 14 polegadas e um receptor de parabólica por três horas e ainda um pequeno refrigerador de corrente contínua por 24 horas.
A ideia do engenheiro mecânico Ronaldo Sato, 58, encantou o empresário Flávio Pentagna Guimarães, 83, que decidiu desenvolvê-la na Energer, empresa de energia renovável do Grupo BMG. O projeto foi testado e aprovado pelo Cepel, o laboratório de pesquisas e desenvolvimento da Eletrobras, e também pelo INT (Instituto Nacional de Tecnologia).
O Cepel considerou que o "fogão gerador tem viabilidade técnica para o suprimento de energia elétrica a pequenos consumidores" e que o equipamento pode ser importante para o país em áreas rurais distantes da rede elétrica convencional.
Quatro horas de cozimento nesse fogão consomem até 16 kg de lenha ou gravetos. Sato disse que há estudos que mostram que os fogões a lenha tradicionais consomem 18 kg de lenha por dia. O preço de fabricação está hoje em cerca de R$ 4.900 (sem a geladeira e a TV), mas Sato acredita que, com produção em escala, esse valor possa cair até 40%.