Indústria investe em inovação e gera lançamentos para a Páscoa

Lançamentos da Lacta passaram de 4 para 13, de 2009 para este ano. Ovo com recheio para comer de colher e gigantismo estão entre inovações

Alpino Formato é o lançamento da Nestlé no gigantismo - bombons gigantes | Divulgação/Nestlé
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Com mais de cem lançamentos neste ano, a Páscoa brasileira vem inovando cada vez mais. As indústrias lançaram mais de 100 novos ovos nesta Páscoa, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab).

Nos últimos cinco anos, as grandes indústrias de chocolates desenvolveram dezenas de novos ovos a cada Páscoa, investindo em novos formatos, embalagens e sabores.

Os lançamentos da Lacta aumentaram de forma consistente de 2009 para cá, passando de 4 para 13. ?Foi natural do entendimento e da maturidade na Páscoa, não há uma grande virada. Fomos aprendendo a fazer, conhecendo mais o consumidor e buscando estar cada vez mais perto e entendendo a necessidade dele?, diz a gerente de marketing de Páscoa da Lacta, Renata Del Claro.

A Garoto mantém uma média de 15 novos ovos por ano e renova todo ano cerca de 80% do portfólio de Páscoa focando em novas versões das principais marcas ? Talento, Baton e Serenata de Amor, diz a gerente de produtos da Garoto, Fernanda Canto.

?O consumidor tem até dificuldade de escolher, porque é tanta opção, variedade, tipo?, diz o vice-presidente da Abicab, Ubiracy Fonseca.

Sem divulgar os investimentos em inovação, as empresas dizem que o conceito é de ordem no segmento Páscoa e exigência do consumidor nesta época de aumento da lucratividade. Na Lacta, foram 18 meses de planejamento e seis meses de produção para a Páscoa deste ano em busca de uma lucratividade cerca de quatro vezes maior que os demais meses do ano.

Na média da indústria, a Páscoa representa o 13º, ou seja, as vendas do período são o dobro de um mês comum, segundo a Abicab. Na Lacta, segundo Renata, a lucratividade equivale a quatro meses de vendas. ?É o pico do consumo de chocolate no país, e a categoria toda tem aumento, mesmo os não voltados à Páscoa?, diz Renata.

Inovação

Entre as inovações tipicamente brasileiras e mais recentes estão os ovos com recheio, para comer de colher, e o gigantismo, que se estabeleceram desde o ano passado.

A Lacta investe pesado em gigantismos, colocando no formato de ovos versões grandes de Bis, Sonho de Valsa e Diamante Negro. A Garoto aposta na transformação dos ovos em presentes, agregando ao chocolate maletas, porta-joias e pingentes. A Nestlé acompanha a Garoto, mas busca atender todos os perfis ? entre gourmets e preocupados com preço.

As indústrias também colocam entre os carros chefe da inovação a aposta em mudanças anuais nas principais marcas ? caso do Sonho de Valsa, na Lacta, e do Serenata de Amor, na Garoto ? por serem produtos que têm uma clientela fiel, mas que busca algo especial para presentear na Páscoa. A marca Sonho de Valsa foi líder de venda nas Páscoa 2011, segundo a Lacta.

No mesmo sentido, a Nestlé lançou o Alpino de colher e Alpino Formato, que exploram a marca vendida em bombom. O Lollo, ícone da década de 1980, que voltou ao mercado nas barras de chocolate com leite maltado, também aparece nesta Páscoa em ovos em duas camadas, sendo a interna com sabor de leite maltado.

Os licenciamentos são outra fonte de inovação, principalmente em produtos voltados para crianças ? com licenciamento de filmes e personagens de desenhos e brinquedos ? mas também com as licenças ligadas ao futebol.

Desenvolvimento

Na Lacta, a inovação na Páscoa é comandada por uma equipe de cerca de 20 pessoas, contratada para trabalhar só com a data pesquisando, inventando, trazendo inovações.

Chamado de time multifuncional, a equipe reúne engenheiros de desenvolvimento de produtos e embalagens, equipe de tecnologia, além de áreas de apoio como marketing, planejamento e logísitica.

A estrutura da Lacta é a semelhante a existentes nas outras grandes indústrias, segundo o vice-presidente da Abicab, Ubiracy Fonseca. Segundo ele, as empresas estimulam intercâmbio entre laboratórios e gestão do exterior, informação e know how. Já as pequenas contratam empresas especializadas em marketing e inovação de produtos, um mercado menor porque voltado a indústrias de médio porte.

Demanda

?A gente entende que isso (a inovação) é uma demanda do consumidor?, diz a gerente de marketing de Páscoa da Lacta, Renata Del Claro. A Abicab concorda apontando que o cliente tem exigido inovações, buscado produto importado e diferente do que tem corriqueiramente.

?Investimos constantemente em pesquisas para entender o significado da Páscoa para o consumidor e o que ele espera deste momento. O resultado deste conhecimento está refletido nas inovações trazidas pela marca, com produtos especiais, e embalagens mais presenteáveis?, afirma Renata.

Entre as inovações da Lacta, segundo Renata, está a fabricação industrial dos ovos tripla camada, que leva duas de chocolate maciço e uma cremosa no meio. A empresa teria trazido o clássico das chocolaterias, de ovos caseiros, para a grande escala e o processo industrial.

Por fazer parte do grupo Mondelez, que vende suas marcas ? como Cadbury e Milka ? em cerca de 160 países, a inovação na Lacta se beneficia também da sinergia com as equipes de outros países. Já o aproveitamento das inovações brasileiras para a Páscoa em outros países enfrenta a barreira cultural. Poucos têm Páscoa como a nossa e, nos que têm, a tradição de presentear com chocolates é diferente. ?O Brasil tem característica de produtos ofertados na Páscoa muito diferente dos outros países. A característica de gostar de tamanhos grandes. Gigantismos são daqui?, diz Renata, da Lacta.

Segundo a Abicab, a inovação passa pelo desenvolvimento de moldes em formatos diferentes e na busca pelo aumento da produtividade e da redução de custos. ?As empresas têm automatizado as linhas de produção, o que é difícil no setor porque é uma produção muito manual, o que no Brasil não é barato por que não pode ser substituída?, diz Ubiracy.

Os desenvolvimentos não se estendem a equipamentos, segundo Ubiracy. ?É mais na apresentação dos produtos. Brasil inventou o ovo para comer com colher, que traz o próprio produto da marca e os formatos também são inovação brasileira, que traduz o chocolate, o formato dele, no produto?, diz.

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