Indústria tem pior desempenho desde 1996 e derruba PIB

Ao todo, a indústria teve queda de 9,3% em valores adicionados ao PIB (Produto Interno Bruto), na comparação com o primeiro trimestre de 2008

Indústria | Divulgação
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Com o pior desempenho da série histórica iniciada em 1996, a indústria contribuiu decisivamente para a retração da economia brasileira no primeiro trimestre. Setor que agrega a maior parte do investimento, a indústria teve segmentos importantes, como a construção civil e a indústria de transformação, com os resultados mais pífios já registrados na história recente.

Ao todo, a indústria teve queda de 9,3% em valores adicionados ao PIB (Produto Interno Bruto), na comparação com o primeiro trimestre de 2008 --foi o pior resultado em 13 anos. Em relação ao quarto trimestre, a retração foi de 3,1%. No geral, a economia retraiu 1,8% no primeiro trimestre ante igual período do ano passado, e caiu 0,8% na comparação com o quarto tri.

A construção civil, que concentra boa parte dos investimentos teve redução de 9,8% em relação ao primeiro trimestre do ano passado. Trata-se também do pior resultado da série.

"Certamente, o menor desempenho da construção civil afeta o investimento. Quase toda a construção civil é considerada investimento", afirmou a gerente de Contas Nacionais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Rebeca Palis.

Já a indústria de transformação caiu 12,6% em relação ao primeiro trimestre de 2008, o que significou também o pior desempenho da série histórica. As principais quedas foram observados nos segmentos de máquinas e equipamentos, que concentra a maior parte do investimento. Também foram afetados pela crise as produções de metalurgia e veículos automotores.

Antônio Gaudério/Folha Imagem

Queda do PIB industrial reflete adequação à realidade de crise, afirma economista

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A indústria de transformação pesa 57,2% no total da atividade industrial, e 16% no valor adicionado ao PIB, pela ótica da produção.

Também foi verificada queda no desempenho do segmento de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana, com redução de 4,2% frente ao período de janeiro a março do ano passado.

Já a indústria extrativa mineral registrou redução de 1,1% em relação ao primeiro trimestre de 2008. O desempenho um pouco acima do que outros segmentos da indústria se deveu à produção de petróleo e gás, que subiu 6,5%. Esta atividade responde por 70% do valor adicionado pela indústria extrativa.

Afetado pela crise e a menor demanda externa, a extração de minério de ferro despencou 38,1% em relação ao primeiro trimestre de 2008. A atividade responde por cerca de 20% da indústria extrativa mineral.

O fraco desempenho da indústria contribuiu decisivamente para a menor arrecadação de impostos, que teve queda de 3,3% frente ao primeiro trimestre do ano passado.

"A indústria é a que mais paga impostos", observou Rebeca Palis.

Resultados ruins

O PIB, que mostra o comportamento de uma economia, é a soma das riquezas produzidas por um país --é formado pela indústria, agropecuária e serviços. O PIB também pode ser analisado a partir do consumo, ou seja, pelo ponto de vista de quem se apropriou do que foi produzido. Neste caso, é dividido pelo consumo das famílias, pelo consumo do governo, pelos investimentos feitos pelo governo e empresas privadas e pelas exportações.

Ao todo, a economia movimentou R$ 684,6 bilhões de janeiro a março. A taxa acumulada dos últimos 12 meses (encerrados em março) indica alta de 3,1% do PIB em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores --todos os setores têm resultados positivos nesta base de comparação.

O investimento, medido pela chamada Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), caiu 14% no primeiro trimestre, se comparado a igual período no ano anterior. Na comparação com o quarto trimestre, houve retração de 12,6%. Nas duas bases de comparação, trata-se da maior queda desde o início do cálculo da série pelo IBGE, em 1996.

Já o setor de serviços registrou incremento de 1,7% frente ao primeiro trimestre de 2008. Em relação ao quarto trimestre, o segmento cresceu 0,8%, e nos últimos 12 meses, tem alta de 3,9%.

O setor agropecuário, por sua vez, caiu 1,6% na comparação com o período de janeiro a março do ano passado. Em relação ao quarto trimestre de 2008, a agropecuária teve retração de 0,5%, e nos últimos 12 meses, acumula incremento de 4,3%.

O consumo das famílias teve aumento de 1,3% no primeiro trimestre. Em relação ao quarto trimestre, constatou-se crescimento de 0,7%, e nos últimos 12 meses, acumula incremento de 4,1%. Tal gasto correspondeu a 60,7% do PIB no primeiro trimestre, ou a R$ 443,9 bilhões em valores nominais.

O consumo do governo registrou alta de 2,7% no primeiro trimestre. Em relação ao trimestre imediatamente anterior, o consumo do governo cresceu 0,6%, e nos últimos 12 meses, acumula expansão de 4,7%. Pelo lado do setor externo, tanto as exportações de bens e serviços (-16,0%) como as importações de bens e serviços (-16,8%) apresentaram quedas em relação ao último trimestre de 2008.

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