Após a divulgação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) acima do previsto em janeiro, o ministro Guido Mantega (Fazenda) afirmou que o recente pico de inflação no Brasil não é motivo para alarme.
A opinião do ministro contrasta com uma avaliação mais pessimista do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, que levou os mercados financeiras a apostar que o BC poderá elevar os juros antes do esperado.
O IPCA, índice de preços que mede a inflação oficial, subiu 0,86% no mês passado --a maior alta desde abril de 2005--, o que resultou no pior janeiro desde 2003. O resultado levou a inflação acumulada em 12 meses a alcançar 6,15%, perto do limite fixado pelo governo (6,5%).
Em entrevista à agência de notícias Reuters, Mantega disse que a alta foi resultado não de uma forte demanda, mas sim de fatores temporários, como preços mais elevados dos alimentos, e que a taxa de inflação começará a cair em fevereiro.
Questionado sobre a diferença entre a sua avaliação e a de Tombini sobre a inflação, o ministro afirmou que "a opinião dele pode ser diferente da minha".
A inflação esperada para este ano é de 5,68%, de acordo com o mais recente relatório Focus do BC. Mantega disse, porém, que espera que a inflação no final do ano fique ainda mais baixa que a previsão.
CÂMBIO
O Banco Central surpreendeu grande parte dos investidores ao intervir nas últimas semanas no mercado para levar o dólar abaixo de R$ 2.
Muitos analistas interpretaram o real mais valorizado como uma tentativa do BC para conter a inflação, e como um sinal de que a postura mais conservadora de Tombini tem prevalecido sobre a de Mantega.
O ministro, porém, disse estar contente com o recente desempenho da moeda.
"O câmbio está flutuando mais ao sabor do mercado", afirmou. "Flutua sem causar prejuízo ao exportador, não está causando prejuízo ao importador de máquinas e equipamentos. O câmbio encontrou faixa de flutuação razoável."