A alta da inflação pode empurrar para o próximo ano o reajuste de combustível que era esperado para depois da eleição municipal. Ainda não há uma decisão definitiva sobre o tema, mas a equipe econômica prefere postergar o máximo possível a concessão de um reajuste no preço da gasolina.
Além da questão inflacionária, pesa também na decisão o impacto que um aumento de combustível tem sobre os custos das empresas num momento em que o governo busca cortá-los para incentivar o investimento.
Do lado da Petrobras, a pressão é para que o reajuste seja concedido no curto prazo, mas a estatal sabe que isso dificilmente acontecerá por conta das resistências da equipe econômica.
A pressão pelo reajuste pode aumentar e se tornar urgente, porém, se o resultado da Petrobras no terceiro trimestre de 2012, a ser divulgado no final do mês, for negativo. O do segundo trimestre registrou prejuízo de R$ 1,3 bilhão, o que gerou a possibilidade de a empresa cortar investimentos.
Ontem, a presidente da empresa, Maria das Graças Foster, voltou a falar na necessidade de um reajuste, que "certamente virá", mas não "tem uma data" ainda.
Ela disse que a necessidade de aumento é de "longo prazo" e não há uma "definição de curto prazo".
Segundo Foster, desde 2002, com a política de alinhar preços internos ao mercado internacional no longo prazo apenas, a Petrobras tem um resultado positivo.
A equipe econômica trabalhava com a hipótese de um novo reajuste nos combustíveis neste ano, mas decidiu reavaliá-lo depois que a inflação começou a subir por conta do choque de preços vindo dos Estados Unidos.
Antes da seca norte-americana, que afetou o preço de produtos como milho e soja, o governo acreditava que a inflação fecharia o ano abaixo de 5%. Agora, pode ficar próxima de 5,5%. Um reajuste na gasolina poderia empurrá-la para a casa dos 6%.
Em 2013, o governo espera que as pressões inflacionárias sejam menores.
O último aumento da gasolina aconteceu no final de junho deste ano, de 7,83%. O preço do diesel também sofreu um ajuste naquele mês, de 3,94%. Os reajustes não foram repassados ao consumidor porque o governo zerou a Cide (contribuição que incide sobre os combustíveis).
Agora, se atendida a expectativa da Petrobras de aumento de 10%, o impacto seria de 0,30 ponto na inflação.