A alta do dólar e a pressão dos reajustes de tarifas fizeram o Banco Central traçar um cenário mais difícil para o combate à inflação. Por isso, o BC admitiu, nesta quinta-feira, que a esperada convergência da alta de preços para a meta de 4,5% só deve ocorrer no fim do ano que vem. Antes, a expectativa era de alcançar o objetivo ao longo de 2016. Com isso, a autoridade monetária deixou o caminho aberto para continuar a subir os juros, que já estão no maior patamar desde 2009.
As informações estão na ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana passada e divulgada nesta quinta-feira. Na ocasião, os diretores do BC resolveram, por unanimidade, aumentar os juros básicos em 0,5 ponto percentual para 13,25% ao ano.
O comitê aposta que a inflação das tarifas públicas deve ser um pouco mais alta que o previsto antes. A previsão de alta para este ano subiu de 10,7% para 11,8%. É um reflexo da alta da gasolina de 9,8%. A projeção anterior era de 9,3% para este ano. Já a alta do botijão de gás caiu de 3,2% para 1,9%.
A quinta elevação seguida da taxa Selic já era esperada. O que o mercado financeiro não contava era que a autoridade monetária não daria sinais de que o ciclo do aperto da política anti-inflacionária chegava ao fim.
A alta dos juros — que já subiram nada menos que 2,25 pontos percentuais — é o remédio para combater o descontrole dos preços. O índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) está em nada menos que 8,13% no acumulado nos últimos 12 meses. E a expectativa do mercado financeiro é que o índice oficial fique ainda maior: 8,26%.
Esse patamar está muito distante do teto da meta estabelecida pelo próprio governo. O objetivo da equipe econômica era fazer com que a inflação ficasse em 4,5%. Há, entretanto, uma margem de tolerância de 2 pontos percentuais. O BC já avisou que só conseguirá chegar no alvo no fim do ano que vem. Por enquanto, a previsão do mercado ainda não leva em consideração a promessa da autoridade monetária e é de IPCA em 5,6% em 2016.
Analistas ainda acham que o BC não deve aumentar tanto os juros para não aprofundar de vez o crescimento do país. A projeção do mercado para este ano é de recessão econômica de 1,18% neste ano.