As instituições financeiras repassaram com mais intensidade, aos seus clientes, o aumento dos juros básicos da economia brasileira, efetuado pelo Banco Central no começo do ano passado para tentar conter a inflação, mas, por outro lado, não repetiram o movimento quando a taxa Selic começou a recuar de agosto de 2011 em diante, segundo números divulgados nesta sexta-feira (27) pelo Banco Central. Com isso, os juros bancários avançaram 2,1 pontos percentuais em todo ano de 2011 - para 37,1% ao ano, de acordo com dados da autoridade monetária.
Juros básicos da economia
O ano passado começou com o Banco Central elevando a taxa básica da economia brasileira, que estava em 10,75% ao ano no fechamento de 2010.
Para conter as pressões inflacionárias, resultado do aumento dos preços dos alimentos, o BC subiu os juros em cinco oportunidades no começo de 2011, até julho do ano passado, para 12,50% ao ano. Um aumento de 1,75 ponto percentual.
Entretanto, com a piora da crise internacional, a autoridade monetária começou a baixar os juros em agosto do ano passado, terminando o último ano em 11% ao ano - quase "devolvendo" todo aumento efetuado no início do período.
Taxas de juros cobradas pelos bancos
Os bancos, por sua vez, acompanharam o Banco Central no movimento realizado no começo de 2011, de elevação da taxa básica. Os juros bancários, que terminaram 2010 em 35% ao ano, subiram para 39,7% ao ano até julho - um aumento de de quase cinco pontos percentuais, ou seja, bem acima da elevação de 1,75 ponto percentual da Selic.
De setembro de 2011 em diante, as instituições começaram a repassar a queda dos juros básicos, mas os juros bancários, ao contrário da Selic, não retornaram a um patamar próximo do começo do último ano. Segundo o BC, os juros bancários terminaram 2011 em 37,1% ao ano, 2,1 pontos percentuais acima do fechamento de 2010 (35% ao ano).
"Spread bancário"
Uma vez que a taxa de juros bancária não retornou, em 2011, a um patamar próximo do fechamento do ano anterior, o chamado "spread bancário" subiu no ano passado.
No fim de 2010, o "spread dos bancos", que é a diferença entre a taxa de captação (o que pagam pelos recursos) e os juros médios cobrados de seus clientes, estava em 23,5 pontos, passando para 26,9 pontos no fechamento de 2011 - um aumento de 3,4 pontos percentuais.
O "spread bancário" é composto pelo lucro das instituições financeiras, pelo taxa de inadimplência, pelos tributos e custos administrativos, é, segundo economistas, um dos mais elevados do mundo no Brasil.
Pessoas físicas e empresas
De acordo com dados da autoridade monetária, os juros bancários das pessoas físicas terminaram 2011 em 43,8% ao ano, com alta de 3,2 pontos percentuais frente ao fim de 2010 (40,6% ao ano). No caso das pessoas jurídicas, a taxa cobrada pelas instituições financeiras, em dezembro do ano passado, ficou em 28,2% ao ano, com alta de 0,2 ponto percentual frente ao fechamento do ano anterior (27,9% ao ano).
Principais linhas de crédito
Segundo o Banco Central, os juros médios cobrados pelos bancos em suas operações no cheque especial somou 188,1% ao ano em dezembro de 2011 - com forte alta de 17,4 pontos percentuais frente ao fechamento de 2010 (170,7% ao ano). Os juros do cheque especial ainda permanecem extremamente elevados se comparados com outras linhas de crédito. A taxa de juros do crédito pessoal, por exemplo, somou 48,2% ao ano em dezembro, com alta de 4,1 pontos percentuais em 2011.
No caso das linhas de crédito bancárias destinadas às empresas, a taxa do desconto de duplicatas somou 37,2% ao ano em dezembro, com queda de 1,9 ponto percentual no ano, visto que estava em 39,1% ao ano no fim de 2010. Para capital de giro, a taxa média de juros das instituições financeiras somou 24,4% ao ano em dezembro, contra 27,3% ao ano no mesmo mês de 2010 - uma queda de 2,9 pontos percentuais.