Está cada vez mais difícil manter uma vida consumista. Os juros para pessoas físicas pesaram no bolso dos consumidores e, no cartão de crédito, a taxa anual subiu para 342,2% ao ano. Trocando em miúdos, se uma pessoa deixar de pagar R$ 100 da fatura do cartão, ao fim do mês seguinte, o valor já terá saltado para R$ 112,70.
Os riscos de não pagar o valor total da fatura são um pesadelo para o consumidor, pois o consumismo desvairado pode virar uma bola de neve e trazer sérios riscos para o crédito do cidadão.
Dois mil reais de dívida no cartão, em um ano, se transformam em R$ 8.843. Ou seja, se o consumidor comprar uma geladeira por R$ 2.000, pagar no cartão de crédito e não conseguir pagar, depois de um ano, vai dever dinheiro suficiente para comprar uma geladeira, uma maquina de lavar, um forno micro-ondas, um fogão, um aspirador de pó, um jogo de panelas e, para fechar a conta, uma TV de led de 47 polegadas. Depois de tudo isso ainda sobraria cerca de R$ 400 de troco.
Confiar no pagamento do valor mínimo é a causa de tantos problemas com fatura de cartão, avaliam especialistas. A tarifa mínima corresponde por 15% a 20% do valor total da fatura e, utilizando essa comodidade, o consumidor está apenas pagando o suficiente para manter o crédito, pois não apresenta vantagem nenhuma para o pagador.
É o caso da publicitária Renata Reis, que já passou um verdadeiro sufoco por causa do cartão de crédito e cheque especial. Ao solicitar um saque de R$ 200 no cartão de crédito, Renata viu a quantia aumentar dez vezes de valor por causa dos juros exorbitantes, mas hoje aprendeu a lição.
Ela ainda usa o cartão de crédito, mas tenta diminuir ao máximo. “É algo viciante, antes eu usava muito o cartão. Depois que tive problemas, aprendi a pagar sempre o valor integral da fatura, mesmo que eu fique sem nenhum tostão. Uma única vez fiz a besteira de pagar o valor mínimo e no mês seguinte os juros vieram matando. Não faço mais isso”, relata.
“Quando você paga o valor mínimo, dependendo da taxa de juros do cartão de crédito, tudo o que sobra voltará no mês seguinte acrescido de juros. Na verdade, a conta não está sendo quitada e se a pessoa continuar fazendo compras, a conta virá ainda maior e pode se tornar uma bola de neve. Não é vantajoso utilizar essa prática com frequência”, destaca o educador financeiro Rommy Albuquerque.