Onze empresas petroleiras, asiáticas em sua maioria, pagaram a taxa para participar do leilão de Libra, maior reserva já descoberta no pré-sal brasileiro. O número ficou bem abaixo da expectativa do governo, que disse esperar até 40 participantes.
Ficaram de fora quatro gigantes do setor de petróleo: as norte-americanas Exxon Mobil e Chevron e as britânicas British Petroleum (BP) e British Gas (BG).
As participantes confirmadas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) foram:
CNOOC International Limited (China)
China National Petroleum Corporation (CNPC) (China)
Ecopetrol (Colômbia)
Mitsui & CO (Japão)
ONGC Videsh (Índia)
Petrogal (subsidiária brasileira da portuguesa Galp, com participação da chinesa Sinopec)
Petrobras (Brasil)
Petronas (Malásia)
Repsol Sinopec Brasil (60% de participação espanhola e 40% da chinesa Sinopec)
Shell (Anglo-Holandesa)
Total (Francesa)
Essas empresas pagaram a taxa de pouco mais de R$ 2 milhões para participar do leilão, marcado para 21 de outubro --o prazo para inscrições terminou na quarta (18). Isso não significa, entretanto, que elas farão lances no dia. Elas ainda terão que passar por um processo de habilitação.
ANP disse esperar 40 interessados; três gigantes telefonaram
O resultado frustrou as expectativas da agência governamental que organiza a disputa.
"Esperava 40 empresas, mas agora existe um contexto mundial de situações muito específicas de cada empresa que levam a essa situação", afirmou a diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, após um evento do órgão regulador no Rio, nesta quinta-feira.
"Eu recebi telefonemas de três empresas, Exxon, BP e BG, dizendo que não vão participar do leilão do pré-sal por questões muito específicas de cada empresa. No entanto, reafirmaram o interesse no Brasil", disse.
Petrobras terá 30% de participação em qualquer consórcio vencedor
Uma certeza entra as ofertantes é a Petrobras, que será operadora obrigatória da área de Libra e deverá ter, por lei, pelo menos 30% de participação em qualquer consórcio vencedor.
A área a ser licitada tem cerca de 1.500 quilômetros quadrados.
A ANP estimou que as reservas recuperáveis no prospecto de Libra poderão atingir entre 8 e 12 bilhões de barris, o que faria da área a maior do país, superando Tupi, com volumes que foram estimados em 2007 entre 5 a 8 bilhões de barris de óleo equivalente.
Segundo o edital, os ganhadores da licitação deverão desenvolver as atividades de exploração de petróleo por quatro anos, prazo que poderá ser estendido, como prevê o contrato de partilha de produção.
Consultor e ex-diretor da Petrobras se diz surpreso
O número reduzido de participantes também surpreendeu um consultor e ex-diretor da Petrobras.
"É uma surpresa. A área (de Libra) é extremamente promissora, e não tem oportunidades no mundo (em exploração de petróleo) como áreas do pré-sal brasileiro", afirmou Paulo Roberto Costa, da Costa Global Consultoria.
Ele também se disse surpreso com o fato de companhias como Exxon, BP e BG não terem pago a taxa de participação no leilão, o que as exclui do processo.
"É uma coisa a ser pensada sobre o motivo de isso ter acontecido", disse ele, referindo-se ao número relativamente limitado de companhias.
Questionado sobre os motivos da baixa adesão, ele avaliou que isso poderia ter relação com o fato de a lei determinar a Petrobras como operadora única, com no mínimo 30 por cento de participação na reserva.
"Pode ser que isso tenha afugentado as empresas... Talvez, se tivesse uma abertura para a Petrobras não ser a operadora...", afirmou ele, indicando que as petroleiras poderiam ter mais autonomia para operar, não fosse a dominância da estatal exigida pela lei.
"Esperava um numero bem maior pela potencialidade de Libra, isso é fato."