Medidas de estímulos não são suficientes, dizem economistas

Plano de ações de Dilma precisa ser pensado a longo prazo e para todos os contribuintes

Presidenta Dilma. | Reprodução
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O governo federal lançou um arsenal de medidas este ano para conter os efeitos da crise econômica mundial e tentar aquecer o mercado brasileiro. A ideia é aumentar a competitividade da indústria com reduções de impostos, desonerações na folha de pagamento e incentivos aos investimentos. Propostas para setores específicos, as medidas não devem ter os efeitos esperados para melhorar o PIB (Produto Interno Bruto), a soma das riquezas produzidas no País, na opinião de especialistas.

Desde o começo do ano, a presidente Dilma Rousseff e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciaram uma série de medidas. A redução do IPI (Imposto sobre o Produto Industrializado) foi prorrogada para bens de linha branca (geladeiras, fogões e máquinas de lavar), móveis, materiais de construção e automóveis.

Além disso, foram desoneradas as folhas de pagamento de 40 setores diferentes e o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) foi reduzido para empréstimos tomados por pessoas físicas. Mais: os juros estão em constante queda, e a energia vai ficar mais barata a partir de 2013.

Todas as medidas, para especialistas em economia e finanças públicas, são pontuais e pensadas a curto prazo. Será preciso pensar mais à frente e em medidas que beneficiem todos os brasileiros e não apenas alguns setores da economia para que os efeitos sejam esperados.

O especialista em economia e contabilidade da UnB (Universidade de Brasília), Roberto Piscitelli, acredita que as medidas tomadas pelo governo têm caráter muito tópico, limitado e de efeito transitório. Na opinião dele, é preciso pensar em medidas que atinjam mais pessoas e que sejam integradas, planejadas.

? As coisas como estão se dando não são compatíveis com a ideia que temos de planejamento. Um processo eficiente para a economia brasileira precisa ser abrangente e necessariamente ter visão de longo prazo. As medidas anunciadas beneficiam um setor ou segmento, mas têm um preço para o conjunto da sociedade.

Uma solução mais eficaz para aquecer a economia brasileira seria pensar definitivamente em uma reforma tributária, afirma Piscitelli.

? Hoje temos uma legislação que é uma colcha de retalhos ? uma legislação por empresa ou por setor. Essa não é a direção adequada, precisamos ter uma legislação para a tributação.

O professor de Economia do Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais) Felipe Leroy também defende medidas de longo prazo para melhorar a situação brasileira.

? Essas inúmeras políticas de curto prazo, fiscais e monetárias, melhoram a condição da economia a princípio. Mas, por serem de curto prazo, também promovem oscilações no PIB de curtíssimo prazo. O Brasil precisa deixar de ser altamente dependente do cenário internacional e promover a economia como um todo e não apenas alguns setores.

Uma forma de atingir esse patamar estável, para Leroy, é investir alto em infraestrutura. Além disso, o governo deveria pensar em políticas tributárias para todos.

? Incentivar o consumo de veículos, por exemplo, altera apenas a expectativa de um dos segmentos. É algo importante, essencial, mas que só gera resultado para um setor específico e não para a economia como um todo.

Na última quinta-feira (13), Mantega assumiu, pela primeira vez oficialmente, que o PIB deve ficar abaixo do esperado e girar em torno de 2%. Antes, o governo trabalhava com a expectativa de 3%.

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