O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou nesta quinta-feira (17) que o spread bancário, que é a diferença entre o que os bancos pagam pelos recursos e quanto cobram de seus clientes, são "mais baixos na maior parte dos países". A declaração foi dada após audiência pública na Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional.
Meirelles lembrou que já foi presidente mundial do BankBoston, que atua em 32 países, de modo que tem base de comparação. Segundo ele, o caminho para reduzir o spread bancário no Brasil é somente um: promover uma maior competição entre as instituições financeiras. "Só chega a este ponto com competição.
É esse o caminho", acrescentou. Spread brasileiro Levantamento do Fórum Econômico Mundial, divulgado na semana passada, tendo por base dados do ano passado, revelam que o "spread" dos bancos brasileiros somou 35,6 pontos percentuais. Com isso, ficou na segunda posição no ranking de 127 países, ficando atrás apenas do Zimbábue.
A taxa de inadimplência, por sua vez, que é um dos componentes do spread, não está entre as dez maiores do mundo. Além da inadimplência, o spread também é composto pelo lucro dos bancos e pelos tributos e pelo custo administrativo, entre outros. "Queda gradual" Segundo o presidente do BC brasileiro, há uma "queda gradual" do spread bancário no país. "Na saída da crise, com atuação importante dos bancos públicos, como o BB, a Caixa, e o BNDES por meio de um processo competitivo, pudemos ver uma distensão gradativa no spread e no processo de formação dos spreads", disse ele.
Além da atuação dos bancos públicos, Henrique Meirelles avaliou que outro fator que pode atuar para baixar o spread no Brasil é o chamado cadastro positivo, projeto que já foi aprovado pela Câmara dos Deputados e se encontra no Senado Federal. Se aprovada, a medida permitirá que as instituições financeiras possam ter acesso ao histórico dos clientes, permitindo a cobrança de juros mais baixos. "É uma medida fundamental para aumentar a competição", avaliou ele.
Nova metodologia
O presidente do BC informou ainda que a instituição está trabalhando em uma "nova metodologia" para calcular o spread bancário com o objetivo de torná-lo mais "transparente" para a sociedade. "Estamos avançando na metodologia. A inadimplência, no passado, era calculada com base em provisões [recursos separados para cobrir eventuais perdas com inadimplência]. Vamos passar a calcular com base na perda esperada e nas perdas ocorridas. Estamos trabalhando na divulgação dos spreads do crédito direcionado [imobiliário, rural e BNDES, que têm juros mais baixos].
O que existe é um aperfeiçoamento nos mecanismos de aferição e cálculo do spread. Para todos olharem e cobrarem de suas instituições", disse ele. Cartão de crédito Henrique Meirelles informou ainda que está em "fase final" um estudo, feito por um grupo de trabalho formado pela Secretaria de Direito Econômico (SDE) do Ministério da Justiça, pela Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae) do Ministério da Fazenda, e pelo BC, para assegurar "mais competição e transparência" para o mercado de cartões de crédito. "Para fazer com que a taxa de juros cobrada pelos cartões se aproxime da taxa média. Tudo isso será levado ao Congresso Nacional", informou ele.