O setor de exportação no Brasil está em crescimento, porém, enfrenta desafios relacionados a disparidades entre regiões e entre grandes e pequenos competidores. De acordo com um estudo lançado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), as 24.931 empresas brasileiras que exportam representavam apenas 0,88% das empresas ativas no país em 2020. O panorama demonstra uma concentração das empresas exportadoras, embora em número reduzido, elas são responsáveis por 15% dos empregos formais no país, totalizando 5,2 milhões de trabalhadores.
O estudo, baseado em dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) com dois anos de defasagem, analisa a situação das empresas exportadoras até 2020. O MDIC planeja lançar uma nova edição com os dados de 2021, obtidos a partir da Rais de 2023. Uma das principais disparidades identificadas diz respeito às diferenças regionais. As empresas exportadoras continuam concentradas nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. Em 2020, 42,8% das empresas que vendiam para o exterior estavam localizadas no estado de São Paulo, seguido pelo Rio Grande do Sul, com 11,1%.
Ao comparar o número de empresas com a participação de cada estado nas exportações, a disparidade se torna ainda mais evidente. O estado de São Paulo concentra 20% das vendas externas, enquanto o Rio Grande do Sul detém 6,7%. Por outro lado, o Mato Grosso do Sul, cujas exportações são predominantemente agropecuárias, possui apenas 0,7% das empresas exportadoras, em contraste com 2,8% do valor exportado.
No caso de estados com forte atuação no setor agrícola, uma das explicações reside no fato de o estudo ter se baseado no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) de empresas de comércio exterior, conhecidas como trading companies, que compram dos produtores rurais e realizam o processamento das exportações. No setor extrativo mineral, a concentração se dá principalmente no mercado de petróleo e mineração, que possui grande peso na balança comercial.
A secretária de Comércio Exterior do MDIC, Tatiana Prazeres, destaca a importância desse estudo na formulação de políticas públicas que visem ampliar o número de empresas exportadoras e internalizar os benefícios nas regiões exportadoras. Ela ressalta que a exportação faz diferença para os funcionários das empresas, uma vez que os empregados do setor de exportação recebem salários melhores e há uma maior contratação de profissionais com ensino superior em comparação com outras empresas.
No entanto, a expansão do setor de exportação enfrenta desafios, pois além das desigualdades regionais, o tamanho e a estrutura da empresa são fatores chaves para que um empreendimento possa vender para o estrangeiro. O estudo aponta que 84,5% das empresas que não conseguem exportar têm até nove empregados e as que comercializam seus produtos para o exterior, 26,5% tem de 50 a 249 trabalhadores; e 30,8%, de 10 a 49 trabalhadores.
Outro fator que interfere na exportação é o setor de atuação. Nos dez primeiros anos de atuação no mercado, apenas 1% tem chance de vender para o exterior. A chabce aumenta para 4% na indústria de transformação e para 7,9% na indústria extrativa. A pesquisa aponta ainda que caso uma empresa venda para o exterior em um ano, a chance de vender para o mercado externo no ano seguinte gira em torno de 65%. “A barreira de acesso [a novas empresas] é elevada, mas, uma vez que supera essa barreira, é mais comum que uma companhia exporte no ano seguinte”, destaca a secretária de Comércio Exterior.
Apesar de China e Estados Unidos serem mercados predominantes para os produtos brasileiros, países do Mercosul e da América Latina continuam sendo os destinos mais importantes. Em 2020, de acordo com os dados mais recentes, 61% das exportadoras brasileiras venderam para os países da América Latina. Esse mercado é impulsionado pela proximidade geográfica e pelo baixo volume de barreiras tarifárias, especialmente no Mercosul. Mas vale ressaltar que os maiores mercados são China com alta de 24%, Estados Unidos com 21% e União Europeia, com 16%.