Após o anúncio de que o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre deste ano recuou 0,8% contra os três meses anteriores, a previsão dos analistas do mercado financeiro para o crescimento da economia brasileira em 2009 apresentou melhora, segundo números divulgados nesta segunda-feira (15) pelo Banco Central, por meio do relatório de mercado, também conhecido como Focus.
Na última semana, os economistas passaram a prever uma queda de 0,55% no PIB neste ano, contra a estimativa anterior de um recuo maior (-0,71%) da semana retrasada. A explicação é que o mercado financeiro acreditava que o PIB do primeiro trimestre teria uma queda maior contra o último trimestre de 2008, em torno de 2%.
Maior queda desde 1990
Se confirmada a previsão do mercado, será a primeira retração desde 1992, quando o PIB recuou 0,54%, e a maior desde 1990, momento no qual o PIB se contraiu 4,35%, de acordo com a série histórica disponibilizada pela autoridade monetária. Para 2010, entretanto, a expectativa do mercado para o crescimento do PIB permaneceu estável em 3,50%.
Durante a maior parte de 2008, a projeção do mercado financeiro para o crescimento do PIB deste ano esteve em 3,50%. A projeção oficial do governo para o crescimento deste ano já esteve em 5% na Lei de Diretrizes Orçamentárias. Entretanto, foi revisada por cinco vezes e, neste momento, já está em 1%. O Banco Central revisou sua projeção de crescimento para 2009 de 3,2% para 1,2%.
Produção industrial
A estimativa do mercado financeiro para a produção industrial, por sua vez, continua negativa. Na semana retrasada, o mercado previa uma queda de 4,78% para este indicador em 2009, valor que recuou para uma retração de 4,70% na última semana. Para 2010, o mercado elevou de 4% para 4,03% a sua estimativa de crescimento da produção industrial.
Juros e inflação
Depois da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de reduzir a taxa Selic em um ponto percentual na última semana, para 9,25% ao ano, acima da projeção do mercado financeiro, que previa um corte menor (de 0,75 ponto percentual, para 9,50% ao ano), os analistas mantiveram a projeção de que os juros terminarão este ano em 9% ao ano. Para a reunião de julho do Copom, a projeção de corte é de 0,25 ponto percentual.
No Brasil, vigora o sistema de metas de inflação, pelo qual o BC tem de atingir metas pré-determinadas pelo governo, tendo como principal instrumento a taxa de juros. Quando julga que a inflação está em convergência com as metas, pode baixar os juros, mas quando vê pressões inflacionárias, opta por subí-los para conter a demanda por produtos e serviços. Para 2009 e para 2010, a meta central de inflação é de 4,50%.
Na última semana, a expectativa do mercado financeiro para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2009 subiu de 4,33% para 4,39%. Deste modo, ainda permaneceu abaixo da meta central de 4,50% fixada para este ano. Para 2010, a estimativa do mercado para o IPCA ficou estável em 4,30%, também abaixo da meta central do período.
Taxa de câmbio
Na semana passada, dado que foi divulgado nesta segunda-feira (15), a projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2009 permaneceu em R$ 2 por dólar. Para o fim de 2010, ficou estável em R$ 2,10 por dólar na última semana.
Atualmente, o dólar está operando abaixo de R$ 2, a menor cotação, pelo menos, em oito meses, por conta da entrada de recursos na economia brasileira para o mercado acionário, para aplicação em renda fixa, e também para empréstimos a companhias brasileiras.
Balança comercial
No caso da balança comercial brasileira, a projeção do mercado financeiro para o saldo (exportações menos importações) de 2009 permaneceu em US$ 20 bilhões na última semana.
Em 2008, a balança comercial teve superávit de US$ 24,7 bilhões, com forte queda de 38,2% frente ao ano de 2007, quando o resultado positivo somou US$ 40 bilhões. Para 2010, a previsão recuou de US$ 15,70 bilhões para US$ 15 bilhões de resultado positivo.
No caso dos investimentos estrangeiros diretos, a expectativa do mercado financeiro para o ingresso de 2009 subiu de US$ 23 bilhões para US$ 24,5 bilhões na última semana. Para 2010, a projeção de entrada de investimentos no Brasil ficou estável em US$ 25 bilhões.