Depois da crise financeira de 2008 - uma bolha provocada principalmente por problemas em financiamento de imóveis -, os empreendimentos imobiliários nos Estados Unidos voltaram suas atenções para estrangeiros. Em Miami, os brasileiros já são um público-alvo conhecido, principalmente por procurarem imóveis de alto padrão. Pensando nisto, o condomínio de luxo Marina Palms ofereceu uma cobertura já decorada, com 400 metros quadrados, e um iate de 69 pés da italiana Ferretti, por um preço único de US$ 9 milhões (cerca de R$ 19 milhões).
De acordo com Neil Firman, presidente do The Plaza Group, 70% das unidades do condomínio de duas torres com marina já estão vendidas, sendo 25% delas compradas por brasileiros. Fora o "combo" com iate, os preços no empreendimento variam de US$ 600 mil a US$ 1,6 milhão, ainda na pré-construção, com previsão de entrega para 2015. As duas torres do condomínio terão cada uma 234 apartamentos de dois e três dormitórios, além das coberturas.
Cada prédio terá sua própria academia de ginástica, salas de massagens, estúdio de pilates, café, espaço para recreação infantil, além de acesso seguro e manobristas 24 horas. A marina para abrigar a embarcação contará com 112 vagas para iates de até 90 pés. O custo mensal para manutenção será de US$ 6 por pé, ou seja, o "combo" acrescenta um valor mensal de US$ 414 para o comprador.
A cobertura ofertada junto ao iate tem quatro suítes, terraço com vista panorâmica, acesso privado de elevador, decoração com armários da marca italiana Snaidero e eletrodomésticos Wolf e Subzero, incluindo uma adega para 78 garrafas, segundo informou a assessoria do grupo.
No ano passado, os brasileiros foram os estrangeiros que mais compraram imóveis acima de US$ 1 milhão na cidade, segundo a Miami Realty Association. Para Firman, a procura dos brasileiros está relacionada ao gosto do brasileiros por compras na região e à oferta de uma residência com serviços de iate clube.
"A demanda por iates e lanchas está em alta no Brasil. Hoje, são 700 mil embarcações de luxo no País e o setor cresce cerca de 10% ao ano, de acordo com a Associação Brasileira de Fabricantes de Barcos e seus Implementos (Acobar). O aumento do número de barcos tem deixado as marinas brasileiras lotadas e seus donos a procura de alternativas como manter seus barcos no exterior", afirmou.
O mercado imobiliário de Miami também é visto por investidores como uma boa opção para diversificação e para servir de contraponto a oscilações no mercado brasileiro. De acordo com a Exit Realty Brickell, empresa especializada em assessor compras de imóveis em Miami, os compradores brasileiros procuram, em sua maioria, apartamentos de três quartos, de frente para o mar, principalmente nas áreas de Sunny Isle e Miami Beach.
"Os brasileiros comprando este tipo de imóveis, normalmente, pagam em dinheiro. Há possibilidade de financiamento, geralmente de 40 % do valor total", explica Firman. Impulsionado por brasileiros, o mercado de venda de imóveis na Flórida cresceu 8% no ano passado e a previsão para este ano é de 6% a 10%.