Duas entidades que dizem representar grupo de acionistas minoritários do GPA (Grupo Pão de Açúcar) entraram com ação na Justiça de São Paulo contra a empresa, contra a rede francesa Casino e contra a família Diniz.
Sob o argumento de que foram lesados pelo fracasso na tentativa de fusão de Pão de Açúcar e Carrefour, encerrada em julho passado, querem ser reparados pelo prejuízo.
Diniz, GPA e Casino não comentaram o caso.
No ano passado, Abilio Diniz e Casino travaram uma disputa sobre a união com o Carrefour. O Casino era contra, e o negócio fracassou.
O caso vem à tona quatro meses antes de o Casino assumir o controle do Grupo Pão de Açúcar, segundo acordo realizado em 2006.
No processo movido na Justiça paulista -uma ação civil pública-, os minoritários são representados pela Apampa (associação de proteção coletiva dos acionistas minoritários e investidores do Pão de Açúcar), fundada em janeiro, e pela Abrac (associação brasileira de defesa dos direitos e garantias fundamentais do cidadão), criada em 2009.
Como o processo está sob segredo de Justiça, os advogados do escritório Minelli & Bosco, que representam esses minoritários e são fundadores das entidades que propuseram a ação, não detalham o total de minoritários representados. Informam que as associações não defendem interesse próprio, são entidades sem fins lucrativos e representam "todos os minoritários e todos os investidores do mercado de capitais, sejam associados ou não".
A Folha teve acesso a documentos que mostram que a Apampa foi criada por nove pessoas -uma é acionista minoritária do GPA. Trata-se de Hamilton Prado Jr., investidor e ex-marido de Vera Diniz, irmã de Abilio Diniz. Os demais são advogados do escritório que defende os minoritários, parentes ou clientes.
Há dois meses, quando tentou na Justiça ter acesso a estudos encomendados por Abilio para defender a união com o Carrefour, Prado Jr. declarou que era dono de cem ações do Grupo Pão de Açúcar, compradas em novembro de 2011, por R$ 4.344.