O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse nesta sexta-feira (24), no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, que o Brasil vem conseguindo frear o ritmo de avanço da inflação, mas que ?ainda é preciso seguir nessa direção".
Tombini participou de um debate sobre o futuro da política monetária, com representantes do Japão, do Reino Unido e dos Estados Unidos.
Na véspera, os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostraram que, neste início de ano, a inflação perdeu força em relação ao final do ano passado, ficando abaixo das previsões do mercado. Em 2013, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou em 5,91% ? acima da taxa de 5,84% de 2012.
?Temos sido capazes de reduzir a inflação e precisamos ainda seguir nesta direção. Os números mais recentes sobre a inflação que vemos pelos menos nos dão uma resposta de que política monetária também funciona no Brasil?, afirmou o presidente do Banco Central, que acompanha a presidente Dilma Rousseff e o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Ao ser questionado pelo mediador do debate sobre o crescimento da economia brasileira no terceiro trimestre de 2013 - que ficou perto de 2% na comparação com o mesmo período de 2012 - se era bom o suficiente, Tombini disse que não. "Não é bom o suficiente, e precisamos fazer mais".
O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu, exatamente, 2,2% no terceiro trimestre, de acordo com o IBGE. Já na comparação com o segundo trimestre, o resultado foi negativo, indicando uma queda de 0,5%, influencido pelo desempenho da agricultura, que recuou 3,5%.
Foco era competição
No ano passado, Tombini, que foi o único represente do Brasil em Davos, ao lado então Ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, participou de um seminário sobre mercados emergentes e, na ocasião, afirmou que o país teria de se preparar para ser mais competitivo.
"Em poucos anos, seremos muito mais competivos. Estão em curso redução dos custos de produção. O setor privado tem sido beneficiado. A presidente [Dilma Rousseff] vem baixando taxas, capacitando os trabalhadores, fazendo mais parcerias público-privadoa. São iniciativas que deixarão nossa economia muito mais competitiva no futuro", afirmou, no Fórum de 2013.
Meia-idade dos Brics
Nesta quinta, o ministro da Fazenda foi o primeiro representante brasileiro a falar em Davos. Ao participar do Painel da TV Globo e Globo News, sobre "crise de meia-idade" dos Brics - grupo de potências emergentes da economia global, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul -, o ministro foi otimista e disse que os países continuarão liderando o crescimento mundial. Mas, segundo ele, é preciso que sejam feitas mudanças nos modelos de expansão desses países.
"Não acredito que haja crise de meia-idade dos Brics. Diante da crise mundial, houve redução do volume de comércio, de demanda internacional. A economia mundial, os países avançados estão em vias de recuperação, ainda gradual, inicial. E, portanto, com essa recuperação, nós teremos uma reativação do comércio. O comércio [global] crescia a um volume de 6% a 7% ao ano. Daqui para frente, voltará a crescer 4% a 5%. Os Brics continuarão liderando o crescimento da economia mundial. Mas, para, isso, precisam fazer mudanças nos seus modelos de crescimento", afirmou Mantega, na véspera.